Especialistas apontam safras recordes e aumento do PIB agrícola em 2023
A grande volatilidade no preço dos insumos, custos de produção elevados, perdas de produtividade devido ao fenômeno La Niña. A safra 2022/23 sofreu grandes impactos negativos.
Considerando o calendário-safra de julho a junho, produtores se viram em um momento de instabilidade nos meses julho a agosto, que tradicionalmente antecedem o plantio em setembro. O desenvolvimento dos grãos até meados de dezembro do ano passado trouxe equilíbrio às contas.
Os três vilões da alta de custos, segundo os produtores, são os fertilizantes, os defensivos e o preço combustível. Nesta safra de 2022/23 o aumento poder chegar até quatro vezes o que gastou em 2021. Isso sem falar no diesel usado nos tratores.
Neste momento, a divulgação de novas estimativas de produção agrícola pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trouxeram boas notícias para o agronegócio — e para a economia brasileira como um todo.
A Conab passou a estimar a produção de grãos no Brasil para o ciclo 2022/23 em 312,5 milhões de toneladas, um acréscimo de 40,1 milhões de toneladas na comparação com 2021/22 (alta de 15%). Há um acréscimo de mais de 2,5 milhões de toneladas em relação à última projeção da autarquia, de março.
Já o IBGE divulgou que estima a safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas em 299,7 milhões de toneladas para 2023. Há avanço de 36,5 milhões de toneladas em relação a 2022 (alta de 13,9%). Em relação à última projeção, o número teve acréscimo de 1,6 milhão de toneladas.
Chegar em março com estimativa de 312 milhões de toneladas é uma boa notícia. Estamos falando claramente de uma safra recorde. No entanto, o que está em aberto é a dimensão deste recorde.
Assessores técnicos da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA
indicam que ultrapassar o “marco dos 300 milhões” era uma expectativa do setor há anos: “Ultrapassar esse marco de 300 milhões de toneladas é uma expectativa do setor há muito tempo. Isso reflete o potencial da agricultura brasileira, que desde a safra 2020/21 vinha sendo frustrada. Essa revisão para cima é muito positiva”, aponta Tiago Pereira, assessor técnico da CNA.
Entre entre os três principais setores da economia, o agronegócio é o único que deve apresentar crescimento robusto em 2023,de acordo com dados da FGV. O avanço projetado é de 8% para o ano — enquanto as principais estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional ficam abaixo de 1%.
O estímulo gerado pelo agro vem mostrando potencial para guiar o crescimento econômico do país neste ano. Há expectativa de crescimento do PIB agropecuário neste ano. E essa taxa de variação é explicada em parte por essa safra recorde.
O crescimento do PIB do setor se deve — além das safras recordes — a uma base estreita registrada em 2022. Ainda pontua que este avanço faz com que o setor se descole dos demais da economia.
Provavelmente as regiões de atividade agropecuária predominante apresentarão comportamento descolado. Natural que Centro-Oeste, uma parte do Nordeste, o interior de São Paulo, de Minas Gerais, tenham crescimento, enquanto regiões metropolitanas apresentem dificuldades de ter ritmo semelhante.
A divulgação da Conab mostra ainda expectativa de que a área plantada tenha crescimento de 3,3%, o que corresponde à incorporação de 2,5 milhões de hectares, chegando a 77 milhões de hectares. Os dados estão disponíveis no 7º Levantamento da Safra de Grãos.
Segundo a autarquia, o bom desempenho é explicado não só pelo aumento de área, como também pela melhoria da produtividade de culturas como soja, milho, algodão, girassol, mamona e sorgo. Há destaque, contudo, para o fato de que o resultado consolidado depende do comportamento climático, fator preponderante para as 2ª e 3ª safras.
A projeção do IBGE mostra que a área a ser colhida deve ter crescimento de 3,9% frente a 2022, com acréscimo de 2,9 milhões de hectares, alcançando 76,1 milhões de A estimativa consta no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do Instituto.
O clima está bom na maioria das unidades da federação produtoras, assim como os preços, o que leva o produtor a ampliar a área plantada. Na primeira safra, ele aumenta a produção da soja; na segunda, a do milho. Essa é a segunda maior estimativa e recorde da série histórica. A produção de milho e de soja também são recordes”, apontou Carlos Barradas, gerente do LSPA, em nota do IBGE.
Dependendo de como vier o outono e o inverno, haverá necessidade de fazer revisões nestes dados. Sobre se a perspectiva é favorável ou não, claramente acho que temos uma perspectiva favorável. Devemos operar entre segunda e terceira safra com clima neutro ou El Niño. E ainda assim, até o fim das colheitas, o El Niño deve ser bem moderado.
Deixe um comentário