Ministro do STF suspende lei que criou piso salarial para a enfermagem
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal
(STF), suspendeu neste domingo (4) a lei aprovada pelo Congresso e sancionada
pelo presidente Jair Bolsonaro e que cria o piso salarial da enfermagem.
A decisão vale até que sejam analisados dados detalhados dos
estados, municípios, órgãos do governo federal, conselhos e entidades da área
da saúde sobre o impacto financeiro para os atendimentos e os riscos de demissões
diante da implementação do piso. O prazo para que essas informações sejam
enviadas ao STF é de 60 dias.
Nos próximos dias, a decisão, que é individual, será levada
para análise dos demais ministros do Supremo no plenário virtual.
Barroso é relator uma ação apresentada pela Confederação
Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos de Serviços (CNSaúde), que
defende que o piso é insustentável.
Diante dos dados já apresentados na ação, o ministro avaliou
que há risco concreto de piora na prestação do serviço de saúde, principalmente
nos hospitais públicos, Santas Casas e hospitais ligados ao SUS.
Isso porque as instituições indicaram a possibilidade de
demissão em massa e de redução da oferta de leitos.
O piso seria pago pela primeira vez nesta segunda (5) e foi
fixado em R$ 4.750, para os setores público e privado. O valor ainda serve de
referência para o cálculo do mínimo salarial de técnicos de enfermagem (70%),
auxiliares de enfermagem (50%) e parteiras (50%).
Conforme o Dieese, o incremento financeiro necessário ao
cumprimento dos pisos será de R$ 4,4 bilhões ao ano para os Municípios, de R$
1,3 bilhões ao ano para os Estados e de R$ 53 milhões ao ano para a União.
Já a Confederação das Santas Casas de Misericórdia,
Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) indicou incremento de R$ 6,3 bilhões
ao ano. Foi apontada uma possibilidade de demissão de 80 mil profissionais de enfermagem
e fechamento de 20 mil leitos.
Ao Supremo, as entidades afirmaram que “falou-se,
antecedentemente, do fechamento de hospitais, da diminuição da rede conveniada
ao Sistema Único de Saúde e do influxo de pacientes – alijados da rede de saúde
suplementar – para o já sobrecarregado SUS.”
“Tais circunstâncias, per se, são o bastante para
comprovar que muitos usuários dos serviços de saúde verão o pleno gozo de seu
direito constitucional à saúde restringido. O cenário das diálises, por
exemplo, é bastante exemplificativo nesse sentido”, diz a ação.
Lira e Pacheco defendem piso
Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado,
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defenderam a lei aprovada pelo Congresso em mensagens
publicadas nas redes sociais neste domingo.
“Respeito as decisões judiciais, mas não concordo com o mérito
em relação ao piso salarial dos enfermeiros. São profissionais que têm direito
ao piso e podem contar comigo para continuarmos na luta pela manutenção do que
foi decidido em plenário”, escreveu Lira.
Em uma sequência de posts, Pacheco disse que o piso salarial
da enfermagem é uma “medida justa destinada a um grupo de profissionais que se
notabilizaram na pandemia e que têm suas remunerações absurdamente subestimadas
no Brasil”.
“Em nome do Parlamento, tratarei imediatamente dos
caminhos e das soluções para a efetivação do piso perante o STF, já que o tema
foi judicializado e houve decisão do eminente Ministro Luís Roberto Barroso”,
publicou Pacheco.
Fonte: Portal g1

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