Editorial

Provérbios 29 e a Corrupção Endêmica: Uma Radiografia do Brasil Profundo

É proverbial a relação entre governança e qualidade de vida do povo. E Provérbios 29, em sua sabedoria milenar, já nos advertia: quando o governo é corrupto, é o povo quem sofre. A frase, que poderia ser uma mera metáfora bíblica, encontra ecos profundamente reais e preocupantes nas esquinas e becos de nossas cidades interioranas.

Em uma análise mais aguçada, não é difícil perceber os sinais de corrupção que se escondem por trás das fachadas de algumas de nossas prefeituras. São cidades que, outrora prósperas e com seus compromissos fiscais em dia, hoje se veem em um labirinto de dívidas, cortes de serviços essenciais e desesperança generalizada. Onde antes havia "erva" no caixa, hoje vemos um cenário desolador. E o motivo? Ah, caros leitores, a resposta não é tão complexa quanto parece.

Ao nos depararmos com essa realidade, a pergunta que emerge é: como uma cidade que sempre honrou seus compromissos pode, de repente, mergulhar em uma crise sem precedentes? A resposta, embora desconfortável, é clara: a corrupção endêmica que assola alguns de nossos gabinetes de governo.

É triste, porém factual, que alguns governadores e prefeitos vejam o erário público não como um instrumento de bem-estar social, mas como um meio de enriquecimento ilícito. Ora, quando a ganância substitui a gestão, o resultado é apenas um: a miséria do povo.

Em um país tão vasto e diverso como o Brasil, é lamentável que ainda tenhamos que conviver com essa chaga da corrupção. Cada centavo desviado dos cofres públicos é um atentado direto à dignidade de nossos cidadãos. É uma escola que deixa de ser construída, um hospital que não recebe os insumos necessários, uma rua que permanece esburacada.

E enquanto alguns governantes se deleitam em seus palácios, construídos com a riqueza que deveria servir ao povo, milhares de brasileiros padecem na miséria, vítimas de um sistema que lhes foi imposto sem sua anuência.

Dizia o grande Rui Barbosa que "de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto". Espero, sinceramente, que não cheguemos a esse ponto.

O Brasil merece mais. E cabe a nós, cidadãos atentos e vigilantes, exigir que a integridade e a honra prevaleçam nos corredores do poder. Porque, como bem nos ensina Provérbios 29, quando o governo é corrupto, é o povo quem sofre. E já sofremos demais.

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