Calor excessivo afeta produção de hortaliças, pescados e reprodução animal
Desde que a primavera começou, oficialmente no dia 23 de
setembro, uma forte onda de calor tomou conta de todo o País. A estação, com
predominância de um clima mais ameno, está sob influência do fenômeno El Niño,
que deixou o período com características de verão: muito calor e fortes chuvas.
Vale ressaltar que no Dia da Natureza, comemorado em 4 de outubro, as
alterações climáticas serviram de reflexão sobre a importância da preservação
do meio ambiente.
No mês de setembro, de acordo com a Climatempo, por quase
duas semanas, as temperaturas atingiram marcas extremas, muito acima do normal.
“Calor e umidade são ingredientes para chuva fortes e temporais. Só é difícil
prever quando e em que local eles acontecerão”, alerta Willians Bini,
meteorologista e head de comunicação da Climatempo.
Na agricultura, esta onda de calor, fora de época, afeta a
produção agrícola de variadas cadeias. No setor de hortifrúti, por exemplo,
grande parte dos alimentos produzidos são extremamente sensíveis a altas
temperaturas. Isso afeta desde a lavoura no campo até o alimento que chega à
mesa do consumidor.
“Mogi das Cruzes, no Cinturão Verde da Região Metropolitana
de São Paulo, se destaca pela produção de frutas, flores e hortaliças,
principalmente as folhosas, neste sentido, o calor intenso dos últimos dias
impacta de maneira significativa a qualidade das plantas, dependendo da cultura
e em todas as fases da planta, no plantio, na condução, colheita e transporte”,
ressalta David Rodrigues, Extensionista Rural da CATI Regional Mogi das Cruzes.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo (SAA), através da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI),
vem fomentando na região novas técnicas de produção, que procuram mitigar estes
efeitos climáticos, dentre elas a utilização de bioinsumos e a introdução de
Sistema de Plantio Direto em Hortaliças (SPDH). “O SPDH consiste na cobertura
do solo, criando uma proteção para a condução da planta e conservando a
umidade,” explica David Rodrigues. Até os animais sofrem com as temperaturas
excessivas. O estresse térmico é um dos fatores limitantes para produção de
carne de alta qualidade. Respiração ofegante, aumento dos batimentos cardíacos
e da necessidade de hidratação, além de sudorese. Outros sintomas, também,
podem ser percebidos, como hipersalivação, vômitos e diarreia.
A produção de carne bovina precisa ser cada vez mais
eficiente e fundamentada no desenvolvimento sustentável e no bem-estar animal.
De acordo com a pesquisadora do Instituto de Zootecnia (IZ –
APTA), da SAA, Claudia Cristina Paro de Paz, os bovinos são animais
homeotérmicos que modulam a temperatura corporal interna, ajustando a
quantidade de calor produzida pelo metabolismo com o fluxo de calor do animal
para o ambiente.
O calor afeta inclusive a piscicultura. Isso se deve porque
a temperatura equilibrada da água é primordial para o cultivo de diversas
espécies. Por isso, nos meses mais quentes, os produtores precisam de um
planejamento estratégico para manter a produtividade e minimizar as perdas de
produção.
“O que acontece é a diminuição da solubilidade de oxigênio
na água, por conta da elevação da temperatura. Com isso, o peixe não se
alimenta de maneira habitual porque não terá oxigênio suficiente para fazer a
digestão da ração que ele ingeriu,” explica Andreas Karl Plosch, proprietário
do Sítio Forelle Trutas, em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo.
Segundo o proprietário, uma alternativa para este momento é
reduzir a oferta de ração ou até mesmo por um tempo não alimentar o peixe.
Algumas espécies, como a truta, se reproduzem em águas mais frias, em torno de
10ºC e 20ºC. “Neste período, setembro e outubro, a água chega a bater pico de
24 graus e isso é bastante para o manejo da truta”, ressalta Andreas Karl
Plosch.
Para Leonardo Tachibana, diretor do Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento de Aquicultura do Instituto de Pesca (IP – APTA), o aumento do
calor também influencia na reprodução de algumas espécies.
“Além disso, peixes criados em tanques-rede não conseguem se
deslocar para procurar regiões com conforto térmico, como as áreas mais
profundas, então sofrem com a alta temperatura da água”, destaca Leonardo
Tachibana.
Já a tilápia resiste a temperaturas acima de 35ºC e o clima
mais quente pode ser benéfico para procriação. “Então algumas localidades a
tilápias podem antecipar a época de reprodução, após o período de inverno”,
ressaltou Tachibana.
Fonte: AconteceBotucatu
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