DIRETO DA CÂMARA - A catarse pós eleitoral do vereador Júnior Guari
Gostem ou não, mas o vereador Junior Guari falou verdades que muita gente não queria ouvir, mas também não queriam engolir.O vereador fez um desabafo narrando as peripécias das primeiras semanas de governo da prefeita Duch. Nada de empolgante, mas o nobre edil fez uma síntese bastante lúcida da situação que Itapeva se encontra nesse início de mandato midiático da prefeita.
O vereador, em evidente tom de sarcasmo, também fez pontaria certeira em desafetos, que engoliram a chumbada à seco. Alegou sem meias palavras que o marqueteiro da prefeita tem que cuidar da vida dele no bar zelando do patrimônio herdado de décadas de trabalho árduo do progenitor. O vereador até poderia cobrar honorários por esse conselho, pois foi a peso de ouro para o sujeito.
Impulsionado pela dopamina e endorfina de marombeiro e corredor de acostamento, o vereador foi além do esperado. Soltou o verbo e sem papas nas línguas declarou a frase que entrará para os anais da história da Câmara Municipal: "A repórter do povo não é mais do povo! Agora é repórter da prefeita!". Os colegas vereadores tentaram conter a gargalhada, mas não tinha jeito, o tiro foi certeiro no ego inflado da colega vereadora.
Logo após, a dita cuja - que convenhamos não merece muito destaque nessa história - subiu na tribuna retrucou o vereador, lançou uma ou outra insinuação, para depois passar o resto da sessão limitada a remoer o diagnóstico contundente de Junior Guari. O ponto alto da sessão foi esse. Depois foi mais do mesmo de sempre com o monopólio da tribuna por parte do vereador Tarzan.
Cabe aqui a nós, como órgão imprensa independente puxar a sardinha para o nosso lado. A grande parte da imprensa de Itapeva, no quesito de cobertura dos fatos, debates públicos e opinativos sobre política não é apenas fraca, mas é covarde e vendida para os prefeitos que se assentam no trono do paço municipal. Como não fazemos parte dessa laia, podemos aqui expor a nossa opinião e comentar a vida política da cidade correndo o risco de desagradar qualquer pessoa que julgue-se dona da verdade dos fatos.
Vamos adiante...
Boa parte da primeira parte da sessão foi utilizada pelos oradores da tribuna sobre as consequências das atitudes da prefeita Duch estar mais ocupada em buscar apelos e aprovação via redes sociais, do que propriamente refletir e matutar sobre suas decisões tomadas.
O desabafo do vereador Junior Guari foi a cereja desse bolo, que foi recheado pelos argumentos de outros vereadores.
O vereador Comeron ilustrando oportunamente que excesso de vídeos não faz parte da liturgia de um cargo cujo dever é governar e honrar as demandas que estão sobre a mesa de todo e qualquer prefeito. Um alerta desses, vindo de um ex-prefeito que saiu completamente desgastado do seu mandato, deve ser apreciado pela prefeita Duch. Afinal, muitas vezes até as pedras no sapato dão testemunho da verdade. Embora o vereador muitas vezes dê apenas dor de cabeça até em aspirinas com sua monocórdia discursiva, dessa vez ele saiu-se bem na sua bronca.
Antes mesmo dos vereadores Junior Guari e Comeron terem subido ao púlbito parlamentar, a vereadora veterana Áurea já tinha descrito as linhas gerais de como o comportamento do político deve ser regrado no cargo de prefeito ou vereador. A vereadora com uma jocosidade que lhe é peculiar pontuou que atividade da política as pessoas públicas em uma democracia nada tem a ver com militarismo, onde quem tem a maior patente manda e desmanda, sem maiores preocupações.
Na verdade o prefeito deveria ser o primeiro súdito do povo, sem ceder a vaidade de se colocar acima do povo e das convenções que orientam o exercício do mandato. Em resumo a vereadora sintetizou à sua moda a regra que todo poder emana do povo. Sendo assim, exercer o poder em nome do povo de fato é obedecer aos princípios que regem a função do cargo eletivo de forma criteriosa.
Entretanto, a prefeita Duch parece não ter claro na sua concepção de valores políticos essa tese. Se a consola, nem mesmo os próprios vereadores têm essa clareza.
Na reta final da longa sessão, até mesmo o vereador Ronaldo Coquinho lançou uma observação que já havíamos tecido em editorial. Ao recordar que o momento da eleição é diferente do momento de mandato. O vereador sucintamente arrematou o raciocínio de seus antecessores na tribuna, ilustrando com precisão, que se a prefeita se orientar pelos princípios do marketing politico eleitoral, ao invés de governar irá ser garota propaganda de um mandato esvaziado de propósitos e sem tomar decisões acertadas que façam sentido para a maioria população. Muito bem vereador, agora faça o mesmo também, contamos com sua determinação para seguir o próprio conselho.
O ponto final dessa sessão, coube ao vereador Tarzan, que pregando o velho testamento refletiu sobre como uma liderança deve escolher seus colaboradores. A questão religiosa pouco importa aqui até porque fingir devoção cristã se tornou farsa comum no meio político há tempos. O que importa é como a ética e solidez moral deve ser baliza para guiar escolhas e decisões. Aqui o vereador poderia ter feito um tratado de liderança digno de coach político, caso fosse menos vaidoso e mais ponderado.
Embora o vereador seja ególatra e se ache um gênio político, ao ponto de ser rebatizado de Eugênio Tarzan, a tese que o velho museu da política municipal posicionou faz todo sentido. A prefeita não optou por ter colaboradores e conselheiros eficazes, mas sim colaboradores que lhe confortam o ego. Se isso irá funcionar? É obvio que não, pois todos antecessores erraram também nesse quesito. O vereador é craque e sente cheiro de sangue como tubarão em alto mar, e já sabe que temos secretários sangrado por críticas e incompetência. Bingo vereador, ótimo movimento retórico!
Agora reflitam longe de qualquer influência que lhe faça raciocinar com fígado e não com o cérebro: A prefeita não será a primeira gestora no cargo a enfrentar dificuldades, contrariedades, até mesmo rejeição de desafetos políticos. De forma alguma está imune a isso. Todavia, pode ser, quem sabe, a primeira a calçar as sandálias da humildade e trabalhar calada sem apego aos holofotes, ocupando-se tão somente de construir fatos bons para o povo que governa.
De todo modo, não sejamos tolos e ingênuos, porque isso não irá acontecer. Duvidamos piamente que isso ocorra porque mesmo que seja possível, o ego dos políticos de primeiro mandato é mais traiçoeiro que qualquer crítica de opositores. Os prefeitos e vereadores de primeiro mandato são reféns das suas próprias tolices e vaidades, e caso não corrijam isso, serão desta forma dentro e fora da vida política como reflexo da vaidade e ego. Se não gostaram disso, procurem terapia cognitiva política.
Diante disso, é mais previsível que se cometa a mesma da vaidade impertinente da dita repórter cuja popularidade é seu maior tesouro, e sendo assim, apenas passe boa parte do tempo de mandato retrucando opositores e desafetos, ao invés de trabalhar em benefício do povo. Simples assim. Trabalho quieto edifica grandes obras, seja de caridade ou empreendimentos.
Por essas e outras é que o vereador Júnior Guari foi o grande destaque da sessão. Bastou o vereador lançar uma torta na cara que o palhaço logo subiu ao picadeiro, ops, tribuna, mas não para tratar de política e interesses da população, mas sim para tornar a sessão o circo que a Câmara Municipal deverá ser nos próximos anos.
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