Saúde

Santa Casa de Itapeva atua com 150% de ocupação e maioria dos pacientes são crianças com problemas respiratórios

Explosão de síndromes respiratórias desencadeia colapso no Pronto-Socorro, que opera em bandeira vermelha; hospital pede que população evite procurar atendimento em casos leves

A Santa Casa de Misericórdia de Itapeva lançou um grave alerta à população na manhã deste sábado, 17 de maio, ao informar oficialmente que o Pronto-Socorro da unidade está operando em BANDEIRA VERMELHA devido à superlotação. A taxa de ocupação dos leitos de internação atingiu 150%, o que significa que há mais pacientes internados do que a estrutura física e os recursos humanos da unidade conseguem suportar com segurança.

A nota divulgada pela direção da instituição descreve um cenário crítico, classificado como “além do limite físico e estrutural” da unidade, com sérias implicações sobre o fluxo de atendimento e a segurança assistencial. Segundo o comunicado, o principal fator que desencadeou o colapso é o crescimento acelerado dos casos de doenças respiratórias — especialmente em crianças, que têm lotado os leitos nas últimas semanas.

“Estamos fazendo o possível com os recursos que temos, mas já ultrapassamos o limite seguro de atendimento”, afirma o documento, em tom de urgência. A orientação imediata é para que pacientes com sintomas leves, como febre baixa, coriza, dor de garganta ou tosse leve, não se dirijam ao Pronto-Socorro, e busquem alternativas como Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), UBSs e demais equipamentos de saúde de menor complexidade em seus municípios.

Segundo profissionais que atuam na ala pediátrica, a maioria das internações recentes envolve casos de bronquiolite, pneumonias e crises asmáticas, com agravamento rápido do quadro clínico. Os leitos pediátricos estão lotados, e a fila de espera por vagas só aumenta. “Estamos improvisando espaços, montando alas temporárias e, mesmo assim, não damos conta da demanda”, relata uma enfermeira do setor.

O período de transição climática e o ar seco são apontados como fatores agravantes, ao lado da baixa vacinação contra gripe e vírus respiratórios. A demanda está sendo considerada "explosiva" e imprevisível, o que tem exigido decisões emergenciais e redirecionamento de recursos internos.

A Santa Casa reforça que, neste momento, a prioridade absoluta é o atendimento a casos graves e com risco iminente de morte. Situações clínicas como acidentes graves, AVCs, infartos, insuficiências respiratórias agudas e complicações infecciosas severas têm atendimento garantido, mas qualquer outro quadro será redirecionado ou deverá buscar suporte em outras unidades de menor complexidade.

Na prática, a triagem na porta do hospital foi endurecida. Equipes estão instruídas a orientar a população a procurar UBSs e unidade 24 horas - UPA, a fim de preservar a integridade do atendimento emergencial.

A direção da instituição acredita que o pico da atual onda de internações respiratórias se estenderá até o início de junho. A curva de atendimentos continua ascendente, e não há margem para aumento da capacidade física sem o apoio emergencial do poder público.

A nota divulgada pela Santa Casa termina com um apelo firme: “Pedimos encarecidamente à população que entenda a gravidade do momento”. Evitar idas desnecessárias ao hospital pode significar salvar vidas. O colapso é real, e o momento exige responsabilidade de todos — gestores, profissionais e cidadãos.

“Quem ocupa um leito sem necessidade está, mesmo sem querer, impedindo que alguém em risco de morte seja atendido a tempo. Essa é a realidade dura e direta que precisamos encarar”, conclui o comunicado.

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