52% dos idosos brasileiros sustentam a casa, revela pesquisa
A pandemia da COVID-19 acarretou uma grande crise econômica
que afetou a renda dos brasileiros e provocou o aumento do desemprego. Em
muitos lares brasileiros percebe-se a participação cada vez mais forte dos
idosos na renda familiar. Levantamento realizado em todas as capitais pela
Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção
ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offer Wise Pesquisas, mostra que 91%
dos brasileiros com mais de 60 anos contribuem financeiramente para o sustento
da casa, sendo que 52% são os principais responsáveis, um aumento de 9 pontos
percentuais em relação a 2018.
Entre os que continuam trabalhando e já estão aposentados,
71% dos idosos mencionaram a complementação da renda como principal motivo, 56%
querem se sentir produtivos e 50% buscam manter a mente ocupada.
Para o presidente da CNDL, José César da Costa, não é só a
crise econômica que explica esses números, mas também uma mudança demográfica e
comportamental dessa população. “Há muitos casos em que a renda do aposentado é
a única maneira para sustentar o lar de uma família que perdeu emprego,
principalmente nesse momento de crise e de aumento do desemprego, mas o aumento
da expectativa de vida dos brasileiros, o avanço da medicina e suas atitudes
nesta fase da vida também são fatores importantes. Hoje, os idosos são mais
ativos, têm mais autonomia financeira e trabalham por mais tempo, seja por
necessidade ou porque se sentem dispostos e mais felizes desenvolvendo alguma
atividade produtiva”, explica.
De acordo com o levantamento, 46% dos idosos exercem alguma
atividade profissional, um aumento de 10 pontos percentuais em relação a 2018.
Em média, estes idosos pretendem trabalhar até os 74 anos. No entanto, 46% não
sabem até que idade pretendem trabalhar, uma queda de 15 pontos percentuais em
comparação com 2018.
Maioria dos idosos relata dificuldade para voltar ao mercado
de trabalho
A pesquisa mostra que 35% dos idosos que exercem atividade
profissional atuam como autônomos ou profissionais liberais, enquanto 19%
trabalham de maneira informal (sobretudo nas classes C, D e E) e 15% são
servidores públicos.
Apesar de estarem cada vez mais inseridos no mercado de
trabalho, 40% dos idosos que exercem atividade profissional relataram
dificuldade para conseguir uma oportunidade de trabalho, sendo o preconceito
com a idade o principal motivo identificado (24%).
“Ainda há muito a ser feito para a quebra de paradigmas e de
preconceitos no mercado de trabalho em relação à contratação de pessoas mais
velhas. O aumento da expectativa de vida faz com que essa parcela da população
permaneça por mais tempo no mercado de trabalho e muitas vezes volte a exercer
alguma atividade profissional mesmo após a aposentadoria. A discriminação, com
certeza, é uma das maiores barreiras a serem trabalhadas e descontruídas, e
cabe às próprias empresas, instituições, setores privados e públicos,
encontrarem uma melhor forma que valorize o profissional com mais de 60 anos”,
afirma o presidente da CNDL.
De acordo com o levantamento, 42% dos idosos estão
procurando trabalho, sendo que 16% desejam uma oportunidade como
autônomo/freelancer e 13% encaram qualquer oportunidade, independentemente do
formato.
A situação de desemprego, falta de oportunidades e
insegurança na economia também afeta diretamente os idosos, uma vez que 88% dos
que estão em busca de emprego afirmaram que não têm sido chamados para
entrevistas, e 53% não acreditam que conseguirão uma oportunidade de emprego
nos próximos 3 meses.
Metade dos idosos tem algum desempregado em casa
De acordo com a pesquisa, metade (50%) dos entrevistados
relatou que tem pelo menos um desempregado em sua casa. E a maioria (63%)
afirmou que conhece alguém que perdeu o emprego ou fechou o negócio na pandemia.
O levantamento reforça ainda a independência financeira de
boa parte dos idosos, já que 61% relataram que não recebem nenhum tipo de ajuda
financeira. Por outro lado, 35% recebem ajuda de dinheiro ou possui renda
complementar.
“A pandemia fez o país alcançar a triste marca de 14 milhões
de desempregados. O aumento do desemprego explica a dificuldade dos idosos em
conseguir emprego, até pela necessidade de maior isolamento desse público. Mas,
uma vez controlada a propagação do vírus, a tendência é que o retorno dessa
população ao mercado volte a crescer”, destaca José César da Costa.

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