Governo de SP apresenta projeto para transformar a malha ferroviária do Estado
Revitalização do sistema ferroviário prevê desafogar o
transporte rodoviário de cargas com a ativação de linhas regionais de trajeto
curto e terminais intermodais
Para reduzir o custo do transporte, melhorar a
competitividade da produção agrícola e industrial paulista e oferecer novas
alternativas de transportes aos usuários e operadores logísticos, o Governo de
São Paulo propôs um projeto de lei que autoriza a exploração da infraestrutura
e dos serviços ferroviários no Estado por meio de novas concessões à iniciativa
privada.
Encaminhado pela Secretaria da Casa Civil à Alesp
(Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), a proposta é equilibrar a
matriz de transportes de cargas, eliminando gargalos logísticos, reduzindo
custos, tempo de viagem e emissão de poluentes, além de aumentar a mobilidade
urbana e a capacidade logística com a interconexão de trechos ferroviários em
operação.
O panorama estadual é de predomínio de 84% do modal
rodoviário sobre 11% do ferroviário - sendo 9% pertencentes à CPTM (Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos). E mais da metade dos 5,7 mil quilômetros de
trilhos no Estado apresentam baixa capacidade ou estão ociosos.
Com a revisão de trechos desativados - principalmente no
entorno de regiões metropolitanas do Estado que apresentam saturação da malha
rodoviária -, a revitalização do transporte sobre trilhos é uma alternativa
sustentável à “malha subutilizada, abandonada, que provocam cicatrizes urbanas
no interior paulista”, explica o Secretário de Logística e Transportes de São
Paulo, João Octaviano Machado Neto.
Para revitalizar este cenário, a Secretaria de Logística e
Transportes criou o GT (Grupo de Trabalho) Ferrovias de SP, que é coordenado
por Luiz Alberto Fioravante. A equipe desenvolve o Plano Estratégico
Ferroviário do Estado de São Paulo que reativará a malha de trilhos inoperantes
nas cidades e alavancará economicamente o setor.
O Plano Estratégico já conta com o PAM-TL (Plano de Ação de
Transporte de Passageiros e Logística de Cargas para a Macrometrópole
Paulista), que prevê investimentos privados de cerca de R$ 70 bilhões, sendo R$
54,2 bilhões na malha ferroviária em cinco regiões metropolitanas: São Paulo,
Campinas, Sorocaba, Baixada Santista e São José dos Campos. Juntas, concentram
cerca de 70% do transporte de cargas do Estado e 32% do PIB nacional.
São cinco grandes iniciativas previstas no PAM-TL até 2040.
Implantação do TIC (Trem Intercidades), que ligará São Paulo a Campinas,
Sorocaba, Santos e São José dos Campos; linhas expressas de transportes de
cargas; ferroanel na região leste do Estado; duplicação do trecho oeste do
Rodoanel; e a licitação da Linha Verde – rota carbono zero de ligação bimodal
(rodoviária e ferroviária) entre São Paulo e o Porto de Santos para o
escoamento da produção nacional.
Para a logística de cargas, o plano prevê ainda 13 pátios
rodoferroviários com armazenagem de distribuição e transferência de modais
(ferroviário e rodoviário, mesclando o uso de caminhões grandes fora das
cidades e pequenos dentro dos municípios) com o objetivo de reduzir o tempo e o
custo do transporte.
A exploração da infraestrutura e dos serviços ferroviários
no Estado foi autorizada após aprovação da Lei Federal 14.273/2021. Considerado
o novo marco regulatório do setor, a legislação permite o deslocamento pelas
estradas de ferro por meio de shortlines (linhas de trajeto curto) que, agora,
também estão sob responsabilidade de estados e municípios.

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