Brasileira que ensina defesa pessoal na Irlanda se torna palestrante de destaque da TedX Talks
Natural da região metropolitana de SP, Jaqueline Almeida
encontrou no Esporte seu sustento fora do País e uma oportunidade para mudar a
vida de mulheres vítimas de violência e com depressão; além de integrar o
casting do TedX Talks, professora de jiu-jitsu foi convidada a palestrar
num webinário contra violência feminina para uma comunidade indiana
Quando decidiu, em 2016, a morar na Irlanda para estudar inglês,
Jaqueline Almeida não imaginava que sua vida encontraria sentido no Esporte e
que sua história de superação e a atuação no jiu-jitsu se tornaria referência e
uma alternativa para mulheres com depressão ou registro de violência -
sobretudo, doméstica. Natural de Suzano, cidade da região metropolitana do
estado de São Paulo, a atleta profissional, atualmente com 32 anos, coleciona
vários títulos, tem um sem-número de alunas e, mais recentemente, passou a
receber diversos convites para palestrar sobre a importância da autoconfiança e
da defesa pessoal.
Sobrevivente a três acidentes de carro e a uma infância
repleta de abusos e de ausências do pai alcoólatra, a brasileira foi convidada
recentemente a reforçar o casting do TedX Talks – a maior plataforma de
palestras do mundo e que está disponível em mais de cem idiomas. Faixa marrom
de jiu-jitsu, seria óbvio que Jaqueline se limitasse a ministrar temas
relacionados à modalidade. Ter “vencido” em Dublin, capital da Irlanda,
onde chegou há pouco mais de seis anos sem falar uma única palavra em inglês, e
por se dedicar a ensinar autodefesa para mulheres, muitas vezes, de graça,
também a credenciaram para falar sobre empoderamento.


E não foi só a TedX Talks que enxergou potencial em Jaqueline para compartilhar sua experiência com a Europa e o mundo. Recentemente, a brasileira foi uma das palestrantes de um webinário que teve como tema central o combate à violência feminina. Ao público-alvo, uma comunidade de mulheres indianas que vive na Irlanda, a atleta falou sobre superação, linguagem corporal e de como é possível adquirir autoconfiança e elevar a estima por meio das artes marciais, as quais conheceu ainda no Brasil, aos 21 anos, e que até ir para a Irlanda, eram seu hobbie.
A formação em Marketing, pela Universidade de Mogi das
Cruzes (UMC), auxilia a filha única de uma enfermeira e de um segurança a
encarar o público e o frio na barriga a cada palestra ministrada. A
persistência que aprendeu no tatame a concede força e senso de organização para
dar conta da missão de agente multiplicadora. Mas, nada é mais motivador do que
sua própria história de vida, emoldurada, como Jaqueline mesmo defende, por
coragem:
“Minha infância foi à base de faltas e de sofrimentos, e
longe de qualquer facilidade. Meu pai foi ausente. Fui criada pela minha mãe e
pela minha avó materna. E tudo chegava a elas por meio do suor do trabalho.
Depois, mais jovem, tive um relacionamento, do início ao fim, traumático. Foi,
então, que fui para a terapia. Não sabia, no entanto, que as sessões iam me
encorajar a recomeçar a vida longe do Brasil. Desembarquei na Irlanda, mesmo sem
ser fluente em inglês; só com o visto de estudante e vontade de dar a volta por
cima. Me restou trabalhar em restaurante, bar e café, e a não desistir”,
conta.
Um ano depois, um colega de trabalho e praticante de artes
marciais convidou Jaqueline a ir até a academia onde treinava. Foi quando ela
conheceu John Kavanagh, treinador de Conor McGregor, um dos mais renomados
lutadores de UFC do mundo. A vida da brasileira, a partir daquele instante,
estava prestes a mudar - mais uma vez.
Após questionar por que havia poucas mulheres no
tatame, Jaqueline recebeu de John a oportunidade de conduzir treinos
de jiu-jitsu para o público feminino no contraturno do trabalho. Em 2017, por
força de dois ataques violentos a mulheres na Irlanda, um novo projeto surgiu
na rotina da brasileira: dar aulas gratuitas de defesa pessoal. Durante o
contato com as alunas, a atleta percebeu que eliminar o medo da agressão, dar
fim a pensamentos depressivos, superar doenças e resgatar a autoestima eram tão
importantes para quem frequentava o tatame quanto se autodefender.
Não demorou para que Jaqueline passasse a se dedicar, cada
vez mais, ao empoderamento feminino e ao combate à violência da mulher, por
meio da defesa pessoal. Em paralelo, na Irlanda, a brasileira se formou pela UX
Design Institute, se pós-graduou em User Experience, se qualificou como
personal trainer e passou a competir de forma profissional.

Multimedalhista no jiu-jitsu, incluindo o recém conquistado
ouro do IBJJF Champion Ship / World Jiu-Jitsu 2022, a brasileira ainda fundou,
ao lado de uma amiga psicóloga, a Mind & Body Defense – programa dedicado a
pessoas de baixa renda colocado em prática em parceria com a Sports Ireland. Na
Irlanda que lhe ensinou o Inglês na raça, a hoje cidadã ainda trabalha como
comentarista esportiva e como estrategista de engajamento esportivo numa
empresa de artes marciais. Sua maior conquista, no entanto, é ajudar mulheres a
serem mais autoconfiantes por meio do Esporte e das palestras que
ministra:
“No tatame, lutamos, mas também ensinamos sobre autoconfiança,
a importância de manter o pensamento positivo, sobre vulnerabilidade, linguagem
corporal, postura e como se defender de um possível ataque. Perdi as contas de
quantas mulheres chegaram até mim sem perspectiva, sem alegria, doentes, e
mudaram a vida por completo, por meio do Esporte. Mulher pode tudo: estar no
tatame, se empoderar, sobreviver aos obstáculos e refazer sua história quantas
vezes forem necessários, assim como fiz com a minha”, comemora Jaqueline.
Fonte: Fiamini – Soluções Integradas em Comunicação

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