Quem é o Judas da Prefeitura?
A última sessão ordinária estava até transcorrendo
com o mínimo necessário de decoro para ser uma sessão relevante tratando de
assuntos como IPTU, aumento de auxílio emergencial para moradores de baixa
renda e até sobre desenvolvimento econômico do município.
Eis que repentinamente surge o vereador Ronaldo
Coquinho e alfineta o veterano vereador Tarzan dizendo a seguinte frase:
"O vereador Tarzan perto do prefeito age como um gatinho, longe do
prefeito ruge como um leão".
Desse ponto em diante a sessão se tornou numa
lavação de roupa suja nas entrelinhas...
O vereador Tarzan pediu réplica para rebater a
afronta do colega. A partir disso o vereador Tarzan passou a expor suas teses
mais estapafúrdias. Prestou explicações inconvincentes, fez questão de citar
enquetes de redes-sociais que elegeram o seu discípulo Robson Leite como o
melhor vereador atuante, com ares de reprovação a atuação do colega, passou a
tecer comentários sobre os iluminados do gabinete do prefeito etc. etc. etc.
Arrematando o seu discurso o vereador Tarzan
alegou, em tom de deboche, que a vereadora Áurea estava falando codificado
sobre desavenças no gabinete. Foi o que bastou para a vereadora subir novamente
na tribuna para, usando o folclore bíblico, deixar muito claro que o prefeito
convive com um Judas dentro do seu governo. Disse isso sem citar exatamente
quem se tratava.
Vejam bem, uma vereadora macaca velha da política
municipal insinuou claramente nas entrelinhas, durante uma sessão da Câmara
Municipal, que o prefeito tem um traidor no seu governo. Isso atrai muita
atenção, como sangue na água para tubarões ferozes.
Áurea fez rápidas referências ao assessor especial
de gabinete e secretário municipal de Obras. Não os acusou de absolutamente
nada, mas por que diabos citou ambos dentro de um contexto tão desfavorável? A
vereadora ainda seguiu sua fala sugerindo que o secretário municipal de
Relações Institucionais, que é primo do prefeito, não tem comparecido ao
trabalho na prefeitura.
Fechando o discurso, a veredora Áurea citou um
áudio misterioso de um empreiteiro que foi motivo de acareação no gabinete do
prefeito por ordem expressa do próprio. Algo no mínimo constrangedor segundo a
vereadora que estava presente na reunião no gabinete do prefeito Mário
Tassinari.
Deduz-se da fala da vereadora na tribuna que tudo
leva crer a reunião descambou para troca de insultos, após supostamente o
vereador Robson Leite ter lançado acusações com intuito de alertar o prefeito
para condutas desabonadoras por parte de certos assessores e secretários.
Na sequência, o vereador cavanista Gabriel Maciel,
fez outro alerta ao prefeito, dizendo que uma laranja podre azeda o caldo das
demais. O vereador que conviveu com os bastidores do gabinete de Luiz Cavani,
no auge do escândalo da nota-fria, foi ainda profético ao aconselhar o atual
prefeito dizendo para ele aprender com os erros dos outros.
Em resumo, o vereador fez um aviso bastante claro
para o prefeito Mário Tassinari não ser enganado por um assessor e secretário,
que dentro do contexto do escândalo das notas-frias foram os pivôs da queda do
ex-prefeito Luiz Cavani. A dedução mais simples e honesta indica exatamente
isso, e nada mais do que isso, dado ao contexto do debate travado no final da
sessão.
Diante de tantas declarações um tanto carregadas de
cifras e códigos por parte dos vereadores da base fica muito evidente o pano de
fundo ou cortina de fumaça como disseram os vereadores Ronaldo Coquinho e
Marinho Nishiyama: Os vereadores frequentadores do gabinete do prefeito estão
com informações bastante comprometedoras sobre membros do governo, os quais não
estão sendo leais ao prefeito e aparentemente o prefeito não quer elucidar
cabalmente supostas acusações de irregularidades envolvendo esses membros.
Tendo esse pano de fundo como contexto o que
podemos dizer senão que cada um desses personagens faça o que bem entenderem
com suas biografias políticas. Quando um prefeito, vereadores e agentes
públicos incumbidos de mandato eletivo não zelam pela moralidade e
transparência de suas ações com gestores públicos, isso fatalmente também recai
como uma mácula indissociável de suas biografias pessoais.
A importância e relevância que qualquer pessoa tem
no exercício da política e vida pública decorre em razão da qualidade das
atitudes em virtude do mandato que estão exercendo. Se as atitudes são nobres e
qualificadas o bastante para não sofrer nenhum arranhão no exercício do
mandato, isso se associa automaticamente a sua reputação como pessoa, da mesma
forma que o oposto também se associa. Simples assim.
Agora cabe aos vereadores e mais ainda ao prefeito
terem o zelo e brio de esclarecerem a todos munícipes quem é o Judas da
Prefeitura.
Pelo direcionamento e rumo que debate tomou estamos
diante de um agente ou mais que supostamente cometeu atos de tamanha gravidade
que são considerados como uma traição contra um bom homem que tem seu destino
selado para ser crucificado, não pelos seus próprios pecados, mas pelos pecados
de outros...
Por este motivo que a narrativa de fundo bíblico da
vereadora Áurea cai com uma luva ao contexto ainda não esclarecido da situação
que gerou acalorado debate nesta sessão.
Se essa história não for muito bem explicada pelo
próprio prefeito quem perde a credibilidade totalmente é somente ele, pois os
demais ao seu redor, sejam quem for, são apenas como peças de dominó que podem
cair uma a uma em sequência a partir agora sendo suspeitos de atos de
improbidade do governo que tem nome e sobrenome.
Se o prefeito não for o primeiro a zelar pela boa
reputação do seu próprio governo todos os demais ao seu redor sofrem com isso,
mas quem perderá totalmente a credibilidade política e pessoal para sempre será
o próprio prefeito.

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