Editorial

A insanidade da política de Itapeva

Uma frase atribuída a Albert Einstein afirma categoricamente o seguinte: "A definição de insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes".

O eleitor de Itapeva provavelmente seja insano, pois eleição após eleição elegem vereadores completamente incapacitados para representar dignamente um município e população que vive revoltada reivindicando atitudes que promovam o progresso de Itapeva.

A frase cai como uma luva também para os vereadores. Não foi por pirraça que o prefeito Mário Tassinari esbravejou na tribuna que a Câmara Municipal estava infestada de demagogos. Vamos acrescentar algo nessa afirmativa histórica do prefeito: Insanidade demagógica.

A Câmara Municipal de Itapeva vive momentos de completa insanidade demagoga. Em primeiro lugar o Poder Legislativo de Itapeva está com sendo comandado pelo vereador Roberto Comeron, que está condenado em segunda instância por improbidade administrativa devido atos tomados quando foi prefeito. Em resumo, quando Roberto Comeron foi prefeito, no passado distante e cheio de mato de Itapeva, com a prefeitura quebrada, ao ponto de tornar inviável até mesmo disputar a reeleição, ele cometeu deslizes administrativos que hoje são julgados e condenados pelo Poder Judiciário como atos de má gestão e ilegalidade. Esse é o vereador que hoje comanda a dita Casa do Povo.

Em segundo lugar, o decoro parlamentar e compreensão das verdadeiras necessidades do povo, ou qualquer coisa no sentido de polidez e lucidez na política, passa longe das suntuosas instalações da Câmara Municipal de Itapeva. O berreiro da vereadora Áurea em face da vereadora Débora Marcondes, gravado durante uma reunião de comissão e reproduzido rede social afora, demonstra que a selvageria é praxe no relacionamento entre os nobres da edilidade. A selvageria normalmente é pelas costas, mas desta vez, foi face a face, no berro, sem direito a réplica da vereadora Débora que se tornou mais uma vítima do próprio veneno por assim dizer...

A situação foi uma baixaria que deixa perplexo quem tem senso de respeito por qualquer instituição. De um lado, berrando a plenos pulmões, uma vereadora reconhecida por ser aguerrida, manifestadamente sem papas na língua, ao ponto de colocar o prefeito Mário Tassinari na parede apavorado durante as reuniões para decidir os rumos futuros da Santa Casa. De outro lado, uma vereadora, para dizer o mínimo, inconvincente e contraditória, pois de tão defensora da probidade e direitos das mulheres e tantas outras causas belas e morais, eis que resolveu homenagear com o título de cidadão um sujeito que é epicentro de uma investigação de corrupção em uma comissão de inquérito da própria Câmara Municipal que apura denúncias fraudes em licitações, contratos e mamatas na prefeitura.

Aparentemente nada demais nesse ato da vereadora dar uma homenagem para quem ela ache ser merecedor, mas os corredores do Legislativo sussurram histórias mal explicadas que vem do passado distante de quando quem não tinha cargo e muito menos onde cair morto, considerado como cafetão da politicagem, sendo bancado por uma espécie de harém de bipolares, um mero peão no xadrez dos bastidores podres da política municipal com sede de poder e dinheiro. Antes chegava ao ponto de ser repudiado, inclusive, ora vejam só, até pela tão distinta vereadora e procuradora dos direitos das mulheres! Mas como o mundo dá voltas e as pessoas evoluem na carreira política ao ponto de mudarem tudo, desde o penteado até os argumentos e opiniões sobre as pessoas e situações, fazendo vista grossa para quase tudo, por essas e outras, pelo que ficou subentendido, foi por isso que a vereadora Áurea berrou mais do que por qualquer outro motivo na cara da vereadora Débora Marcondes naquela reunião de comissão. 

Mas isso pode ser considerado insanidade e demagogia? Ou, simplesmente, falsidade pura e simples? A resposta fica a critério do leitor... Até porque hoje em dia, qualquer um recebe as mais empoladas homenagens na Câmara Municipal, basta ser do meio político ou amiguinho deste ou aquele vereador...

Em terceiro lugar, a insanidade da Câmara Municipal, que faria Erasmo de Roterdã perder o fio da meada no Elogio a Loucura, diz respeito a um grande amigo dos mais ricos e abastados de Itapeva, que de tão popular entre os mais bacanas e endinheirados do município foi capaz de se empanturrar nas mais requintadas padarias sem gastar um centavo do dinheiro do povo. Sim, dinheiro do povo, suado e revertido em impostos que pagam o salário de um vereador reconhecido por estar no mandato mesmo tendo sido chutado da prefeitura por recomendação expressa do Ministério Público.

Até o momento, o vereador que é suplente, pois até a vaga na Câmara Municipal não é fruto do seu trabalho político, recebe às custas do povo mesmo sendo réu da lei da ficha limpa. Resumindo mais esse rolão: A Câmara Municipal de Itapeva tem um vereador que é réu ficha suja em processo administrativo ao ponto do Ministério Público ordenar categoricamente que este sujeito não deveria exercar cargo nos quadros do Poder Executivo, mas que em um passe de mágica, eis que surge como vereador no Poder Legislativo de Itapeva! É ou não muito insana uma situação dessas?

Para finalizar os casos de insanidade dessa legislatura: O que podemos dizer sobre as pencas de denúncias que os vereadores recebem diariamente sem fazer absolutamente nada? Os vereadores eleitos, pasmem, não tem a menor vontade de saírem às ruas verificarem ou lerem documentos para apurar os desmandos denunciados por inúmeros cidadãos que pagam seus salários aumentados na surdina de uma sessão ordinária. Quando fazem de conta que investigam, cada comissão de inquérito é empurrada até o final virar uma pizza ou processo arquivado, sem punir nenhum figurão que tem as costas quentes no meio político e cargos na prefeitura. 

 

Algum vereador vai negar o óbvio? Nenhuma ação de fiscalização dessa legislatura foi realizada ao ponto de investigar com seriedade e comprometimento os indícios de corrupção e suspeitas de enriquecimento ilícito que rondam o gabinete do prefeito e algumas secretarias. Nenhuma! 

Em Itapeva, onde o prefeito Mário Tassinari tornou a terceirização pauta do dia, os vereadores terceirizam a fiscalização do Poder Executivo para um sujeito que o vereador Tarzan elogia e defende ao ponto de denominar de “denunciador geral municipal”, pois concordem ou não, nenhum vereador tem a menor vontade de sair do seu gabinete com ar condicionado para fiscalizar problemas graves que causam danos ao povo de Itapeva, tanto no lugar onde moram pelo descaso como dano ao bolso devido à corrupção e atos de improbidade que não são devidamente investigados pela edilidade.

Gostem ou não os vereadores de Itapeva, eles retratam e representam o que existe de mais demagogo na política brasileira, pois não são exceção à regra dos bastidores podres da política de Brasília, são a regra da insanidade da política emporcalhada que temos em todo Brasil. 

 

A culpa pela política ser tão ruim e ineficiente em Itapeva com toda certeza também recai sobre os eleitores. Se o cidadão de Itapeva quer mudar algo na cidade, a primeira atitude é não votar repetidamente nos mesmos vereadores demagogos. Caso contrário, a insanidade continuará a reinar na política de Itapeva!    

 

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