O ódio à imprensa dos políticos de Itapeva
O vereador suplente Robson Leite vem pregando agressivamente nas redes sociais e usando a tribuna da Câmara Municipal afirmando que a imprensa de Itapeva é parcial, mentirosa e contra os interesses do município.

Nada mais falacioso do que usar o velho argumento de que a imprensa deve apenas reproduzir o que acontece, sem nada acrescentar em termos opinião e crítica aos fatos. O dogma da crença cega e deliberada que se deve concordar com tudo o que os políticos e governo dizem se chama ditadura totalitarista. A tentativa de calar quem pode opinar sobre política e administração pública se chama censura. Em resumo, o vereador sustenta seu discurso contra a imprensa local sobre esses dois pilares, sendo um político falso moralista e antidemocrático na melhor das hipóteses.
Nada mais grotesco do que um vereador, que exerce o cargo porque outro vereador se licenciou do cargo, atacar os meios de comunicação que exercem atividades profissionais e empresariais de jornalismo e comunicação em Itapeva.
A imprensa livre serve aos cidadãos, difundindo informações e opiniões, garantindo o acesso ao conhecimento dos acontecimentos da política e administração da cidade. É por meio dos canais de comunicação social e imprensa que se tornam acessíveis notícias que muitas vezes desagradam os políticos municipais, pois a circulação livre da informação justamente aponta e demonstra cabalmente, em grande parte dos casos, a incompetência, imoralidade e desonestidade moral e intelectual daqueles que ocupam cargos políticos em Itapeva.
A fala do vereador suplente Robson Leite revela essa desonestidade intelectual e moral, atacando por meio da Câmara Municipal o direito de livre manifestação do pensamento, expressão e informação da sociedade.
A Constituição Federal garante a liberdade de expressão e pensamento, assim como garante a liberdade de imprensa. A legislação veda qualquer restrição ou embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, sendo proibida toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística aos cidadãos no exercício de suas funções profissionais.
A pergunta que fica no ar: O regimento interno da Câmara Municipal é conivente com vereadores que no exercício de suas funções distorcem a legislação com intenção de coibir a atividade de imprensa no município? Com a palavra o presidente do Poder Legislativo de Itapeva, que por ser radialista deveria ser o primeiro defensor da liberdade de expressão e opinião dos meios de comunicação que funcionam no município.
Se o objetivo do vereador é criticar abertamente imprensa de forma generalizada e pejorativa, deveria tomar cuidado redobrado e ater-se ao uso do direito de resposta caso se julgue ofendido por algum órgão de imprensa.
A discussão de imparcialidade deveria ser defendida com maior ênfase sobre as ações do Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Os poderes da organização política e administrativa que possuem dever de imparcialidade, impessoalidade e, sobretudo, de legalidade, difundido os comandos da lei em seu inteiro teor, e não apenas quando a regra favorece a retórica política. Deve ser por esta razão que o próprio vereador, e vereadores no plural, se sentem acuados quando qualquer veículo de imprensa opina sobre suas condutas inoportunas, discursos e ações que não correspondem à verdade dos fatos e até mesmo da legalidade.
Quantas e quantas vezes este jornal noticiou aprovação de leis municipais inconstitucionais, opinando em defesa da legalidade, o que aborreceu inúmeros vereadores autores de projetos de lei escabrosos que defendem o errado como certo no sentido jurídico. Quantas e quantas vezes este jornal abordou criticamente os vereadores que votaram para safar prefeito corrupto comprovado, pois isso não se tratava de mera opinião apenas, mas sim uma defesa pela moralidade na política de Itapeva. O vereador Robson Leite, no mínimo, sofre de amnésia, aparentemente ele se esqueceu que ele mesmo recorria a este órgão de imprensa com seus colegas para fornecer informações sobre os paradeiros dos bastidores da política municipal, para houvesse repercussão maciça de fatos e opiniões sobre determinado prefeito que ele declarava ser o maior salafrário da política de Itapeva de todos os tempos.
A crítica aos atos e argumentos dos ocupantes de cargos políticos faz parte não apenas do direito de expressão da sociedade, mas também é um aspecto inerente ao exercício da democracia e direitos políticos dos cidadãos livres. Na contramão do fortalecimento da democracia, nos últimos tempos a prática de inúmeros políticos brasileiros se tornou a manifestação nos parlamentos contra a liberdade de opinião e livre acesso à informação. As tribunas dos parlamentos e canais de rede sociais de políticos antidemocráticos difundem o ódio à liberdade de imprensa por parte de deputados e vereadores ligados aos governos que usurpam direitos dos cidadãos. Tanto isso é fato, que investigações da Polícia Federal ligam um vereador ao comando do chamado do “gabinete do ódio” entidade reconhecida como propagadora de fake-news em defesa de políticos de estimação. Ao que parece em Itapeva esse fato tende a se repetir.
Como é típico dos políticos rabo preso com governos corruptos, a tendência é atacar a parcialidade de opinião de quem quer que seja. Quando qualquer voz opina de forma independente de partido, de ideologia ou contra um grupo de asseclas politiqueiros, tenham certeza: há interesses sendo contrariados.
Como alega o jornalista Reinaldo Azevedo: “É aquela história, a liberdade de expressão é ótima desde que seja exercida em favor dos interesses dos políticos que são do meu lado! É nítido que muitos querem mesmo é controlar o conteúdo do que se pública, se possível fechando alguns veículos de comunicação”.
Aos que criticam, desabonam o trabalho jornalístico, ou até mesmo se revoltam com a chamada parcialidade da mídia e imprensa, como é caso do vereador suplente Robson Leite, fica a máxima de Voltaire: Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”.
As supostas inverdades publicadas que costumam tornar determinados governos e governantes mal falados em redes sociais ou matérias de canais de oposicionistas, compartilhadas por reportagens sensacionalistas de quinta categoria, sem qualquer credibilidade, que vivem para criar factoides, são muito diferentes de editoriais, artigos de opinião e crônicas que resistem à visão crítica de veracidade de conteúdo por parte de toda sociedade.
Quando o Poder Legislativo deste município tiver a lisura e credibilidade institucional suficiente para defender o trabalho da imprensa que trabalha e opera em Itapeva, empregando mão de obra, pagando tributos ao ponto de repreender vereadores que desvalidam o direito de acesso a informação e livre exercício de opinião, teremos finalmente a esperança que a voz de milhares de cidadãos desta cidade serão ouvidas pela primeira vez no que chamam a Casa do Povo.
Os eleitos da Câmara Municipal deveriam se calar para ver e ouvir mais, não apenas as redes sociais, mas sim as ruas onde o povo clama por coerência e competência dos políticos e gestores municipais. Quando os vereadores fizerem isso de forma imparcial, podem ter certeza, a imprensa continuará sendo parcial, mas desta vez dizendo que os eleitos pelo povo estão trabalhando pelo povo de Itapeva de forma justa e honesta.
Do contrário, que façam eco e endossem um vereador que não sustenta sequer as calças que veste.

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