Artesã de Guapiara é a vencedora do 1º Concurso de Presépios do Vale do Ribeira
Inspirada no Caminho do Peabiru, a designer guapiense
criou a peça que foi ganhadora do concurso realizado pelo Sebrae-SP e Sindicato
Rural
Com sua peça criada 95% em palha, uma casca de árvore,
pedaços de bucha vegetal e uma base em MDF, a artesã Alice de Oliveira, de Guapiara,
foi a grande vencedora do o 1º Concurso de Presépios do Vale do Ribeira,
realizado pelo Sebrae-SP e Senar/Sindicato Rural, no dia 12 de dezembro, no
Mercado Municipal de Registro.

A competição contou com peças criadas por artesãos da
região, as quais foram minuciosamente avaliadas pelo corpo de jurados composto
pela gerente regional do Sebrae-SP, Michelle dos Santos; o presidente do
Sindicato Rural do Vale do Ribeira, Jairo Adilson de Oliveira; o padre Júlio
Brant, de Registro; e o diretor do Som da Ilha (patrocinador do concurso),
Cesar Augusto Bilezikdjian. Na ocasião, eles avaliaram os presépios com base
nos critérios de originalidade, qualidade técnica, estética, sustentabilidade e
relação com a cultura da região.
Para compor o presépio, Alice se inspirou no Caminho de
Peabiru, uma trilha traçada pelos indígenas há 400 anos d.C., que era utilizada
como rota de onde hoje está a cidade de Cusco, no Peru, até São Vicente no
litoral paulista, passando pelo estado do Paraná e cidades do interior do Vale
do Ribeira.
“Como eu tinha encontrado essa casca de árvore, lembrei do
caminho do Peabiru, cuja pesquisa havia feito junto com uma designer, que já
fiz alguns trabalhos. Tal rota passa em nossa região do Vale, pela qual os
índios estavam na busca pela ‘terra sem males’. Também fiz uma analogia com o
espírito do Natal, pois José e Maria estavam buscando também, uma terra sem
maldade, para o menino Jesus poder nascer e crescer”, explicou.
Ao receber a notícia do seu campeonato, Alice ficou
estarrecida e muito entusiasmada por ter seu trabalho reconhecido. “Eu estava
concorrendo com vários outros artesãos e presépios maravilhosos. Quando soube
do resultado senti uma coisa inexplicável. Uma sensação, que só sabe quem vive
ao ser premiada. A sensação é diferente de você vender uma peça e de ser
escolhida por um júri, entre outras várias imagens. Senti uma adrenalina
de felicidade, a sensação de dever cumprido, de ver que meu trabalho estava sendo
reconhecido”, confessou.
A iniciativa fez parte do plano de economia criativa “Dá
Gosto Ser do Ribeira”. A exposição de presépios funcionará até o dia 6 de
janeiro, no Mercado Municipal de Registro, localizado à Praça Beira Rio no
Centro.
Assim nasceu uma artista
Apesar de ter se tornado uma artesã profissional, a trajetória
de Alice de Oliveira, até firmar-se na carreira foi bastante difícil. Filha do
meio entre 11 irmãos, desde criança deixou os estudos para ajudar os pais no
sustento da família.
“Ainda criança meu pai falava que mulher não precisava
estudar e então não me deixava. Tive que largar a escola e trabalhar na roça
para ajudar no sustento dos meus irmãos mais novos. Depois que eu me casei, fui
trabalhar como auxiliar de carga em caminhão e depois como pedreiro, para
ajudar meu marido. Mas em uma altura da minha vida, decidi que eu iria fazer
uma coisa que eu já sabia fazer. No ano 2000 investi no artesanato, uma
profissão mais leve. O começo de tudo foi difícil”, lembrou.
De lá para cá passaram-se 24 anos e além de ser bastante
conhecida, Alice já ganhou outros dois prêmios no concurso ‘Arte Popular
Religiosa de Recife-PE’, participou da exposição Casa Cor em Ribeirão Preto e
da semana de moda São Paulo Fashion Week. Paralelo ao trabalho de criação, a
designer também ensina a arte para outras mulheres, que como ela, não tiveram
estudo e confeccionando artesanato, conseguem obter uma renda para ajudar em
casa. Tanto que foi uma das fundadoras da Associação de Artesãs de Guapiara em
2012, onde trabalha como secretária até hoje.
Alice ministra ainda oficinas e já teve participação na
formação de mulheres de Iporanga e de Lavínia no estado de São Paulo e depois
em Brasília, Vitória e cidades de Minas Gerais. “Na capital capixaba eu
permaneci por dez dias ministrando oficinas após contrato com o Sebrae-ES e
ensinei um grupo de mulheres de Vitória também durante a Feira do
Empreendedor”, conta.
A principal matéria prima da artesã é a palha e
para tê-la durante todo o ano, conta com uma plantação em sua propriedade.
Quando falta, ela pede socorro a uma amiga e artesã, que também planta o milho
crioulo, base para todas as suas peças. As cores em seu trabalho são naturais
da palha que utiliza, apenas para obter o amarelo ela colore com açafrão.
Alice conta que tem contrato com duas lojas, para as
quais fabrica peças artesanais durante o ano todo, em sua grande maioria
estátuas de orixás e imagens sacras. Uma fica na capital paulista e outra no
Distrito de Souza em Campinas. “Comecei na pandemia a trabalhar com essas
lojas. Eu entrego de dois a três pedidos grandes por ano a elas. Esses dois
clientes são fixos, mas já entreguei para lojas na Bahia e em Curitiba. Para
mim, a profissão de artesã é maravilhosa. Eu agradeço todo o dia, por ter
decidido produzir artesanato. Hoje posso viver exclusivamente dele. A minha
única fonte de renda é o artesanato, eu vivo da arte”, comenta Alice.
Para ajudá-la a empreender e gerenciar o seu negócio, Alice
procurou o Sebrae-SP e já participou de vários cursos de empreendedorismo,
marketing, fluxo de caixa e precificação. “Tenho muitos certificados de cursos
que eu já fiz. Quando eu comecei, ia a Itapeva, uma vez por semana no Sebrae-SP
para fazer os cursos. Ele está na minha vida há muitos anos. Meu primeiro
contato com o órgão foi numa feira que se chamava Mercado Paulista lá em meados
de 2000. A ajuda do Sebrae-SP é imprescindível no meu negócio e na minha vida”,
confidencia.
Fonte: SEBRAE-SP

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