Política

A oposição no controle do Poder Legislativo de Itapeva

A história se repete. Novamente o grupo de vereadores liderados por articulações mais eficientes e pragmáticas toma o comando da mesa diretora e comissões da Câmara Municipal de Itapeva. 

Negar essa obviedade é negar a realidade de como os acontecimentos se desenrolam nos bastidores do Poder Legislativo de Itapeva.  

Há quatro anos atrás, o Poder Executivo falhou clamorosamente em "fazer política". Na ocasião o Poder Executivo perdeu não apenas a presidência e mesa da Câmara Municipal, mas também cada comissão temática composta por vereadores indicados por lideranças partidárias.  

O custo político e administrativo desse fato é conhecido diante duma série de embates entre prefeito e vereadores oposicionistas, nos quais o chefe do Poder Executivo por vezes saiu derrotado por manobras de vereadores de oposição.  

Neste momento o "déja vu" político é notório. Convém ser necessário dizer que novamente os ilustres ocupantes de cadeiras no Poder Executivo, por abdicarem de articular uma base aliada na Câmara Municipal, perdem a oportunidade de fazer um pacto de governabilidade. Portanto, o discurso de diálogo e harmonia entre Poder Executivo e Poder Legislativo, logo em breve será puro slogan obliterado de parte a parte. Ou, vis à vis, como queiram.  

A figura do prefeito com habilidade política e poder de gerenciar as peças e pautas no Poder Legislativo está sendo apagada do Poder Executivo. Somente o ex-prefeito Luiz Cavani, com mão de ferro, obteve grande sucesso em operacionalizar uma base de vereadores fiel aos seus comandos, mesmo assim não ficou livre de controvérsias durante seu reinado. Apesar disso, é forçoso reconhecer que Cavani foi o último coronel de verdade na acepção do folclore político da palavra dentro do contexto do governo municipal. 

Obviamente que ter uma base de apoio político na Câmara Municipal acarreta em custo político, o qual o ex-prefeito Mário Tassinari e agora a prefeita em mandato Adriana Duch não tiveram habilidade ou até mesmo vontade de arcar com o ônus dos acordos políticos interinos do poder municipal. 

Em todo caso a oposição ao Poder Executivo fica fortalecida. O saldo das comissões revela que a vereadora Áurea (PP) providencialmente desafiou tendências e pares do próprio partido e garantiu sua participação nas três principais comissões da Casa de Leis. A vereadora notoriamente atingiu os objetivos que pretendia, apostou alto e sacou outros vereadores dos assentos de comando das comissões. 

A presente demonstração de sagacidade da vereadora veterana, assim como o controle do ex-prefeito Cavani perante a Câmara Municipal no passado, devem servir de lição a quem está interessado em compreender o que se passa na cena política de Itapeva. Se a prefeita Duch seguir os mesmos passos do antecessor Mário Tassinari, isto é, se abdicar de fazer costuras políticas e não tiver ao seu lado conselheiros com leitura correta dos cenários políticos e administrativos que virão pela frente, a tendência será os interesses do Poder Executivo se esvaziarem mediante manobras dentro da Câmara Municipal.    

Partindo dessa premissa, a popularidade do prefeito de plantão sempre é corroída perante a plebe por força das manobras e barulho dos debates pautados unilateralmente pela oposição. Por ora, as figuras representantes do Poder Executivo ainda não começaram a sofrer desgastes perante uma oposição que começa a dar as cartas e até blefar bem diante dos olhos de muitos expectadores...  

Mas se será uma repetição do que têm sido os últimos anos de confrontos e instabilidade para o prefeito no cargo, cabe ao futuro dizer, mas as cartas e fichas já estão na mesa. Se a comandante do Poder Executivo não jogar conforme as situações políticas são impostas, poderá perder todas as fichas que vieram das urnas.


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