Política

O apocalipse financeiro da Prefeitura: fato ou narrativa política?

O assunto do momento nos bastidores da Câmara Municipal é a reunião convocada pela prefeita Adriana Duch para comunicar aos vereadores que a Prefeitura de Itapeva estaria supostamente no vermelho.

Caos fiscal, dívidas parceladas, empenhos anulados e calotes a vista? O apocalipse financeiro da prefeitura afinal é fato ou narrativa política? Lembrando que, o termo apocalipse em grego significa "revelar".

Trocando um miúdos, como diria um certo vereador que adora usar a retórica do espantalho usando o ex-prefeito como vítima de suas críticas: Acabou o céu de brigadeiro! 

Se o assunto for tão somente uma narrativa política, a prefeita, secretários e vereadores aliados irão entoar um script de demonização do ex-prefeito. Isso logicamente torna a situação mais imprecisa do que é geralmente pela falta de transparência habitual das contas públicas municipais. Haverá, como sempre, encenação de debates onde nada é esclarecido na Câmara Municipal, além do uso recorrente e exagerado de postagens nas redes sociais para fazer valer o enredo vitimista de que pegou a prefeitura quebrada aos frangalhos por parte da dona da caneta do Poder Executivo.

Se o assunto é fato, podem acreditar que o encerramento de políticas públicas da era Mário Tassinari, como tarifa zero, renda mínima cidadã, farmácia 24 horas, repasses para entidades sociais, pagamentos de serviços de urgência e emergência da Santa Casa, coleta seletiva, dentre outros serviços e ações do governo municipal poderão ser afetados diretamente nos próximos meses. O peso da austeridade e cortes no orçamento, nesse caso, depende do tamanho do buraco, rombo, catástrofe financeira, como queiram chamar essa situação ainda sem os devidos esclarecimentos por parte dos gestores públicos.

O fato - que antecede tudo isso - é que a prefeita em momento algum participou das reuniões de transição de governo. Segundo informação corrente, não havia assessoria financeira indicada por ela nessas reuniões, apesar de montar uma excelente peça de marketing de redes sociais dizendo que estava atenta a tudo, estando preparada para assumir os desafios de uma cidade que ela entendia estar sub governada por uma administração capenga.

Como os vereadores são metade inexperientes e metade não são versados em contabilidade publica e atividade financeira do governo, soltar uma informação dessas sem pormenorizar cada detalhe, sem estar a par de métodos de análise criteriosa de documentos contábeis, convenhamos; é um tanto arriscado por parte de qualquer gestor do Poder Executivo.

Se estamos a beira do caos financeiro na prefeitura é dever da prefeita, do seu secretário de finanças - nomeado de última hora - explicar cada detalhe e alegação que foi repassada aos vereadores ao grande público municipal, isto é, aos contribuintes de Itapeva.

Além disso, chama a atenção que a prefeita eleita fez questão de ir à Câmara Municipal, antes de tomar ciência das contas públicas, para apoiar a medida de aumento de salário de agentes políticos, o que pode ser considerado uma atitude que agora se volta contra ela própria, pois o aumento de salário, inclusive sancionado por ato dela própria, é um ônus de despesa a mais mensal no orçamento vigente. 

Apenas para lançar a polêmica no ar: Parece até mesmo ser uma cortina de fumaça, ou no mínimo contradição lógica, alegar que tudo está arruinado financeiramente, mas mesmo assim de antemão bancar a sanção de um gasto fixo que aumenta o tamanho das contas a serem pagas, com o aumento de salário dos secretários. Neste caso, que se dane a teoria da reserva do mínimo possível, o povão nada sabe sobre isso mesmo.

Portanto, se houver qualquer indício de discurso de vitimização por parte da prefeita, ela e sua equipe deverão se recordar que desde a campanha teceram uma narrativa que Itapeva estava acabada, arruinada, morta e sepultada. Logo, o prefeito anterior era coveiro, sendo a nova prefeita a salvação da lavoura. 

Em resumo, de forma bem categórica: a prefeita Duch está desde sempre pronta a restaurar e ressuscitar a cidade para a glória política dela e bem estar popular desse povão sofrido, que sofreu anos com obras de postos saúde finalizadas, serviço farmacêutico 24 horas, iluminação pública novinha em folha, escolas reformadas, transporte público gratuito e programa de distribuição de renda sendo pagos para as camadas mais vulneráveis da população? 

Se tudo isso foi farra financeira e fiscal por anos do governo anterior, ora, que seja comprovado que cada centavo gasto com o bem estar social da população não passou de uma estratégia de governo mequetrefe do prefeito anterior. Que caso esteja lendo isso, fique tranquilo, aqui todo mundo adora comer pastel na feira que voltou de onde não deveria ter saído!

O assunto renderá pano pra manga. Por falar em manga, nada mais acertado que imitar o prefeito de outra cidade no marketing e jogar a culpa sempre nos outros! Tudo se resolve com um vídeo na rede social... Simples assim!


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