DIRETO DA CÂMARA — Prefeita Duch e procuradoria causam crise de relacionamento com a Câmara Municipal
O voto deveria ser um exercício de inteligência do eleitor
Contudo, muitas vezes os eleitores são vítimas do que se chama estelionato eleitoral, sendo levados a votar em peças de marketing eleitoral, tornando secundário o principal que é avaliar propostas e pessoas coerentes com entendimento básico dos desafios de governar a cidade.
Apesar das promessas da prefeita Duch afirmando que haveria diálogo e união entre Poder Executivo e Poder Legislativo, o que temos presenciado na prática, logo no início de mandato, é o exercício da política feita com o fígado.
A prefeita apostou suas fichas na publicidade e palanque midiático, mantendo a tropa de secretários e procuradores em torno como uma blindagem para apenas terceirizar pautas que a própria prefeita deveria gerenciar pessoalmente como depositária do voto popular nas urnas ano passado.
Relembrando que os secretários e procurador geral são escolhidos não pelo povo, mas sim pelo governante em mandato, devendo ser assessores imediatos dos assuntos de gestão pública de forma técnica, mas não com ares de políticos em mandato, ao ponto de destratar o Poder Legislativo, que é composto de eleitos pela população como representante político.
A crise de relacionamento causada pela procuradoria, com endosso da prefeita, em face do Poder Legislativo não é uma amostra de serviço público técnico e calibrado pela impessoalidade e moralidade pública para tratar da derrubada de um veto pela Câmara Municipal.
Pelo contrário, ao chamar de irresponsáveis e ardilosos os vereadores, a nota emite um juízo político desorientado ou, até podemos dizer, orientado para discórdia apostando no desgaste político e institucional entre Executivo e Legislativo municipal.
Notoriamente estamos diante de ocupantes de cargo do Poder Executivo com grave tendência ao autoritarismo e perseguição política, pois se não fosse o caso, não haveria funcionários públicos de diversas pastas reclamando de deslocamentos e atitudes desabonadoras dos novos chefes desde o começo do presente mandato. Não haveria, sob nenhuma hipótese, funcionários recorrendo à Câmara Municipal e Ministério Público para agirem em defesa de seus direitos.
Se a prefeita Adriana Duch Machado considera isso como normalidade da forma de governar, sem medir as repercussões negativas desses atos, que assina embaixo como foi a nota encaminhada à Câmara Municipal, está na hora de rever seus conceitos sobre como compreende os atos de política e governo do seu mandato.
Ao vetar um projeto de autoria da vereadora Áurea Rosa que concedia entrega de medicamentos gratuitamente para pessoas com deficiência e idosos, com dificuldades de locomoção para irem retirá-los na assistência farmacêutica, a prefeita Duch não apenas tolhe um direito, mas coloca em evidência que não está propensa a governar em benefício e com o devido respeito às pessoas menos favorecidas do município.
Obviamente que havia solução para o veto, assim como para derrubada dele por parte dos vereadores, mas a prefeita não quis tomar as providências da articulação política e diálogo para tratar do assunto. Eis aqui o ponto onde é necessária a habilidade de tornar divergências em convergências fazendo política e mantendo o diálogo.
A falta de tato social e imprudência política com demandas que dizem respeito às causas populares torna as feições do governo Duch elitizado, injusto e incoerente. Embora a prefeita esteja sempre próxima dos altares onde se prega virtudes como a caridade e atenção às demandas dos mais pobres e marginalizados, seu governo está longe da necessidade das pessoas que vivem na carência extrema tendo seus direitos e garantias menosprezados a todo momento.
Manter-se ao lado da aristocracia escolhida a dedo no Paço Municipal, apenas atendendo quem possui alguma espécie privilégio da política oligárquica e partidária de deputados é notoriamente a faceta de um governo que está descomprometido com as promessas de campanha, sendo este portanto, o estelionato eleitoral mais evidente dos últimos tempos.
Diante dos fatos, não restam argumentos para o Poder Executivo, mas apenas a retratação conforme o presidente da Câmara Municipal, Marinho Nishiyama e seus pares exigiram na tribuna da Câmara Municipal.
Governar é um ato que leva em conta a justiça e coerência
das decisões de governo a cada momento, tanto no sentido de ser justo, mas
também de tomar decisões equilibradas em favor da população, mas para que isso
seja feito é necessário coerência. Contudo, para remediar a
incoerência não existe farsa do marketing que faça isso: ou se é um
governante com essas qualidades ou não é. Afinal, improvisar coerência e
habilidade política não é possível.
Deixe um comentário