Suspensão do Plano Safra 2025: Um Golpe ao Produtor Rural e Alternativas para o Crédito Rural
Por Dr. João Comazzetto, advogado empresarial e tributário.
O agronegócio brasileiro,
setor responsável por alimentar o país e impulsionar nossa economia, enfrenta
um duro golpe com a recente suspensão das linhas de crédito do Plano Safra
2024/2025. O bloqueio de R$ 36 bilhões em financiamentos rurais, essenciais
para custeio e investimento, ameaça a produção agropecuária, coloca em risco
milhares de empregos e pode gerar impactos irreversíveis para a segurança
alimentar e o PIB nacional.
Diante da gravidade da
situação, o setor produtivo cobra respostas e soluções imediatas do governo
federal, pois o prejuízo já começou a ser sentido no campo.
1. O que está acontecendo?
A suspensão do Plano Safra
ocorreu devido ao esgotamento dos recursos inicialmente previstos no orçamento
e à ausência de crédito suplementar para dar continuidade às contratações. Com
isso, linhas de financiamento fundamentais para o produtor rural, com exceção
do Pronaf (voltado para a agricultura familiar), foram interrompidas.
Após forte reação do setor,
o governo anunciou a edição de uma Medida Provisória (MP) liberando R$ 4
bilhões para recompor parte dos recursos. No entanto, esse montante é
insuficiente para suprir a necessidade do agro, que demanda previsibilidade e
segurança para seguir investindo.
2. Impactos diretos no
campo
A paralisação do crédito
rural afeta diretamente a produção agrícola e pecuária, uma vez que muitos
produtores dependem desses financiamentos para compra de insumos, investimento
em tecnologia e ampliação da produtividade. Sem esses recursos, o custo de produção
aumenta, os investimentos são adiados e a competitividade do Brasil no mercado
global fica comprometida.
Algumas consequências
imediatas incluem:
✔️ Redução do plantio e da produção –
Sem acesso ao crédito, muitos produtores precisarão reduzir a área plantada, o
que pode impactar a oferta de alimentos e pressionar os preços para o
consumidor final.
✔️ Atraso na modernização do setor – A
falta de financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos prejudica a
evolução tecnológica do agro brasileiro.
✔️ Aumento da inadimplência e
desestruturação da cadeia produtiva – Pequenos e médios produtores, que
dependem do crédito rural para manter suas operações, podem enfrentar
dificuldades financeiras graves.
3. Alternativas para
compensar a suspensão do subsídio governamental
Diante da incerteza sobre a
recomposição integral dos recursos do Plano Safra, é fundamental que o setor
produtivo busque alternativas para garantir liquidez e manter os investimentos
no campo. Uma das principais estratégias que poderiam ser adotadas pelo governo
é o uso de créditos tributários como compensação financeira para os
produtores rurais.
Atualmente, muitos
agricultores e pecuaristas possuem créditos tributários acumulados,
principalmente decorrentes da incidência do ICMS na cadeia produtiva e da
imunidade das exportações. No entanto, a recuperação de créditos não é tão bem
explorada pelos produtores rurais, seja pelo desconhecimento da possibilidade
ou pela ausência de profissionais capacitados na área.
Diante desse cenário, a orientação
especializada para identificar e recuperar créditos tributários, transformando
esses valores em um recurso estratégico para manter a liquidez e os
investimentos no campo é de suma importância.
Além disso, o governo deve
atuar na simplificação dos processos de compensação e restituição, permitindo
que esses créditos sejam rapidamente utilizados para reduzir custos e mitigar
os impactos da suspensão de subsídios governamentais.
Ao adotar essa abordagem, o
setor agropecuário ganha maior autonomia financeira e resiliência, diminuindo a
dependência de políticas – e políticos – instáveis, garantindo a
continuidade da produção.
4. O governo precisa agir:
crédito rural é investimento, não gasto
A suspensão do Plano Safra
revela uma falha grave no planejamento fiscal do governo, que deveria garantir
a continuidade das linhas de crédito em vez de interrompê-las de forma abrupta.
O setor agropecuário precisa de previsibilidade para planejar suas safras,
investimentos e contratações.
O crédito rural subsidiado
é um dos motores da economia brasileira, garantindo produção, exportação e
geração de empregos. Trata-se de um investimento estratégico, e não de uma
despesa que pode ser cortada sem consequências graves.
5. O que o setor produtivo
espera?
As entidades
representativas do agro, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do
Brasil (CNA), já se manifestaram cobrando soluções urgentes para destravar o
crédito e evitar um colapso no setor. O governo precisa recompor integralmente
os recursos do Plano Safra, garantindo o acesso ao financiamento rural sem mais
atrasos.
Além disso, a adoção de políticas
alternativas, como a facilitação no uso de créditos tributários, poderia
proporcionar mais segurança financeira ao produtor e reduzir os impactos da
suspensão do financiamento.
6. O agro pede respeito e
previsibilidade
O Brasil é uma potência
agropecuária mundial, mas para manter essa posição, o produtor rural precisa de
apoio, e não de insegurança. A suspensão do Plano Safra 2025 foi um erro
estratégico que precisa ser corrigido com urgência.
O setor agropecuário
seguirá mobilizado para garantir que os recursos necessários sejam liberados e
que alternativas viáveis, como o uso de créditos tributários, sejam adotadas
para fortalecer a liquidez do setor.
Se o Brasil depende do
agro, é preciso garantir que o agro tenha as condições necessárias para
continuar produzindo e alimentando o país.
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