Câmara de Itapeva aprova criação do Programa “Cuidando de Quem Cuida”
Iniciativa busca oferecer apoio psicossocial a mães e
cuidadoras de pessoas com deficiência e transtornos do desenvolvimento
Na sessão ordinária desta segunda-feira, 28 de abril, os
vereadores da Câmara Municipal de Itapeva aprovaram, em segundo turno, seis
projetos de lei. Entre as propostas analisadas, uma delas se destacou pela
sensibilidade social: trata-se do Projeto de Lei nº 35/2025, que institui o
Programa “Cuidando de Quem Cuida”, voltado à atenção integral às mães e
cuidadoras de pessoas com deficiência ou com transtornos globais do
desenvolvimento. O texto, de autoria do vereador Júlio Ataíde (PL), foi
aprovado por unanimidade e agora segue para a sanção da prefeita Adriana Duch.
A proposta reconhece o papel fundamental e, muitas vezes,
solitário das chamadas “mães atípicas” — mulheres que dedicam suas vidas à
criação de filhos com necessidades específicas, como os diagnosticados com
Transtorno do Espectro Autista (TEA), Síndrome de Down, Transtorno do Déficit
de Atenção com Hiperatividade (TDAH), dislexia, síndromes cromossômicas e
outras condições que exigem cuidados permanentes. O programa pretende oferecer
apoio psicossocial, promover o autocuidado e facilitar o acesso prioritário a
serviços de saúde mental e assistência social.
Entre os principais objetivos estabelecidos na nova
legislação estão a melhoria da qualidade de vida dessas mães e cuidadoras, a
oferta de atendimento psicológico e terapêutico, o estímulo a políticas
públicas específicas na Atenção Primária à Saúde, bem como o incentivo à
participação de outros membros da família no cuidado e suporte emocional. A
proposta também prevê ações de comunicação social para dar visibilidade à causa
e conscientizar a população sobre os desafios enfrentados por essas mulheres.
Embora o texto legal trace diretrizes claras, ele ainda não
apresenta um plano operacional detalhado sobre como será executado. A lei
autoriza o Poder Público a firmar parcerias com entidades públicas ou privadas
para viabilizar o programa, que será custeado com dotações orçamentárias
próprias, podendo ser suplementadas, se necessário. A regulamentação da
execução ficará a cargo do Poder Executivo, que deverá definir, por meio de
decreto ou outro instrumento administrativo, os meios de implementação e fiscalização.
O projeto recebeu apoio unânime entre os parlamentares,
refletindo uma crescente mobilização em torno da pauta da inclusão e da saúde
mental materna. Para o autor da proposta, trata-se de um avanço na construção
de uma rede de apoio institucional que reconheça o papel dessas mulheres e
promova a dignidade de suas trajetórias. “Elas não apenas cuidam, elas
resistem, sustentam e educam em condições extremamente desafiadoras. É hora de
o poder público cuidar também de quem cuida”, declarou Júlio Ataíde em plenário.
Agora, com a sanção do Executivo como próximo passo, mães e
cuidadoras de Itapeva aguardam que a proposta se transforme, efetivamente, em
política pública capaz de acolher, orientar e aliviar quem, por amor, nunca
deixou de lutar. A expectativa é que o programa seja regulamentado ainda neste
semestre, garantindo às beneficiárias o direito à escuta, ao cuidado e ao
reconhecimento institucional que há muito tempo lhes é devido.

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