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Polícia investiga mulher que inventou extorsão para esconder dívida de jogo online em Avaré

Delegada alerta para riscos do vício em jogos de azar após mulher confessar que usou benefício do filho para pagar dívidas do “Tigrinho”

A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Avaré instaurou inquérito para apurar um caso envolvendo falsa comunicação de crime e apropriação indébita, após uma mulher de 26 anos admitir ter inventado uma história de extorsão para encobrir movimentações suspeitas na conta do próprio filho, um bebê de apenas nove meses. O episódio teve início em janeiro de 2025, quando ela procurou a Polícia Civil alegando estar sendo chantageada por um homem com quem teria mantido relações íntimas gravadas em vídeo. Segundo a versão inicial, o suposto autor ameaçava divulgar as imagens caso ela não realizasse transferências bancárias, que teriam somado mais de R$ 37 mil.

Poucos dias depois, no entanto, a mulher retornou à Delegacia e desmentiu a própria narrativa, afirmando ter criado a história para justificar à sua mãe a origem das movimentações financeiras. As investigações conduzidas pela delegada, revelaram um cenário ainda mais grave: a investigada havia se endividado com apostas online, em especial no jogo virtual conhecido como “Tigrinho”, e usou os dados do filho — beneficiário de um auxílio assistencial federal e portador de condição médica grave — para contratar empréstimo consignado.

O inquérito apontou que, além de utilizar seu próprio nome para contrair dívidas, a mulher recorreu aos documentos do bebê para obter crédito adicional, numa tentativa de quitar valores devidos a terceiros, incluindo um agiota. A equipe da DDM ouviu testemunhas, analisou extratos bancários e documentos médicos, além de colher o depoimento da mãe da investigada, que confirmou os problemas financeiros enfrentados pela filha e seu envolvimento com jogos de azar virtuais.

A delegada Janaína Morais ressaltou os impactos sociais e familiares do vício em jogos eletrônicos, que têm atraído cada vez mais pessoas pela promessa ilusória de lucro imediato. “O vício em jogos eletrônicos de azar, como esse popularmente conhecido como ‘Tigrinho’, representa uma armadilha perigosa. Pessoas são seduzidas pela ilusão de lucro fácil e acabam se endividando gravemente. Em desespero, passam a buscar soluções desesperadas para conseguir dinheiro, chegando a cometer atos extremos. É uma situação que compromete não apenas o indivíduo, mas também seus familiares, especialmente crianças e dependentes”, declarou.

O Conselho Tutelar de Avaré foi imediatamente acionado para acompanhar o caso e garantir a proteção da criança, diante da gravidade da conduta materna e da indevida utilização dos recursos previdenciários do menor. Com base nas provas reunidas, o inquérito foi concluído na segunda-feira, dia 30 de junho, e encaminhado ao Poder Judiciário, com a tipificação preliminar dos crimes de falsa comunicação e apropriação indébita. A mulher poderá responder criminalmente pelos atos praticados.

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