Câmara de Itapeva derruba veto de Adriana Duch e aprova lei mais rigorosa contra o nepotismo
Após duas semanas de recesso, vereadores retomam os
trabalhos rejeitando tentativa da prefeita de barrar projeto que amplia
vedações a nomeações de parentes; nova norma inclui até parentes de quarto grau
e aumenta risco de punição por improbidade
A Câmara Municipal de Itapeva retomou nesta quinta-feira, 17 de julho, as sessões ordinárias com um gesto claro de autonomia e endurecimento da
moralidade pública: por maioria, os vereadores derrubaram o veto total
apresentado pela prefeita Adriana Duch ao projeto de lei que amplia
significativamente as restrições contra o nepotismo na administração pública
municipal. Com isso, a proposta aprovada no início de junho, que havia sido
barrada integralmente pelo Executivo, será agora sancionada e entra em vigor
com o mesmo texto original, endurecendo o cerco a nomeações de parentes em
cargos estratégicos da máquina pública.
A proposta em questão foi aprovada no dia 9 de junho, em uma
sessão marcada por intensos debates, com nove votos favoráveis e cinco
contrários. O projeto estende o alcance das vedações da atual legislação de
nepotismo para incluir familiares até o quarto grau de parentesco, como primos,
tios-avôs, sobrinhos-netos, trisavôs e trinetos. Além disso, amplia
expressivamente a lista de cargos que não poderão ser ocupados por esses
parentes, passando a abarcar todos os cargos de secretários municipais, procurador-geral,
controlador geral e demais funções comissionadas dentro da administração.
A nova regra também traz uma exceção: ela não se aplica a
servidores públicos efetivos — ou seja, concursados — que forem designados para
funções de confiança ou nomeados para cargos comissionados. Ainda assim, nos
demais casos, a nomeação de qualquer indivíduo que incorra nas vedações
previstas poderá configurar ato de improbidade administrativa, abrindo margem
para responsabilizações judiciais e sanções previstas em lei.
O veto da prefeita, que solicitava a exclusão total do
projeto sob justificativas ainda não detalhadas publicamente por ela, foi
rejeitado com nove votos contrários — dos vereadores Áurea Rosa, Roberto
Comeron, Júlio Ataíde, Marcelo Poli, Tarzan, Ronaldo Coquinho, Thiago Leitão,
Val Santos e Vanderlei Pacheco — e apenas quatro votos favoráveis, oriundos de
Gleyce Dornelas, Lucinha Woolk, Robson Leite e Margarido. Com a derrubada, o
Legislativo impôs um revés político significativo ao Executivo e sinalizou que
não há mais espaço para acomodações familiares em cargos públicos na estrutura
da prefeitura.
A medida, que já vinha sendo debatida como uma resposta
direta a episódios recentes de desconfiança da população com nomeações em
cargos de confiança, ganhou apoio popular sobretudo após denúncias informais de
favorecimento na gestão atual. Ao rejeitar o veto e confirmar a aprovação do
projeto, os parlamentares atenderam a um clamor social por mais transparência e
rigor na separação entre o público e o privado.
Com a sanção automática da lei, a Prefeitura de Itapeva terá
agora de se adequar ao novo texto, sob o risco de incorrer em ações judiciais
por descumprimento. A decisão da Câmara ainda abre caminho para que futuras
gestões estejam sob um crivo ainda mais rígido quanto à lisura nas nomeações
políticas. Nos bastidores, a movimentação é lida como um marco na relação entre
Legislativo e Executivo em Itapeva, demonstrando que o parlamento local não
hesitará em exercer seu papel fiscalizador mesmo diante de resistências do
gabinete da prefeita.
A expectativa agora é pelo impacto prático da nova
legislação: secretarias e departamentos que hoje contam com nomes indicados
politicamente devem ser reavaliados, e o Ministério Público poderá acompanhar
as mudanças com atenção redobrada. Com a nova regra em vigor, o que antes
passava despercebido poderá ser alvo de ações civis públicas ou investigações
por improbidade, impondo aos gestores a obrigação de observar critérios legais
mais estritos antes de qualquer nomeação. Uma virada no cenário político-administrativo
local.

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