Calçadão vazio em Itapeva reacende debate sobre crise no comércio e falta de visão administrativa
Empresários criticam abandono da principal via comercial e
apontam falhas de gestão que, segundo eles, vêm sufocando a economia local há
mais de duas décadas
No início da tarde desta quinta-feira, 14 de agosto, uma
cena no centro de Itapeva provocou indignação entre comerciantes e moradores.
Ao atravessar o calçadão da Rua Dr. Pinheiro, um empresário do ramo imobiliário
registrou a via praticamente deserta — um contraste gritante com o que já foi
considerado o coração pulsante do comércio local. O registro, feito despertou
um debate nas redes sociais sobre a estagnação econômica da cidade e a
responsabilidade do poder público no cenário atual.
"Comércio estagnado e a principal rua da cidade nessa
situação deplorável... Como vai animar alguém de fora a investir no comércio em
Itapeva?", questionou o empresário. Ele destacou ainda que várias lojas
fecharam as portas recentemente, sinalizando uma retração que preocupa o setor.
"Estamos no começo do mês e já se vê portas baixadas. De quem é a
culpa?", provocou.
A publicação gerou uma enxurrada de respostas, muitas delas
ecoando o sentimento de frustração. Entre os comentários, um dos mais
contundentes, que relembrou a origem do calçadão: "Conheço a história do
projeto do Wilmar. Esse calçadão foi aprovado no COMUTRAN com vielas nos cinco
quarteirões para conter velocidade, mas na implantação foi fechado totalmente.
Isso matou a Rua Dr. Pinheiro", afirmou. Segundo ele, antes da obra, a Rua
Mário Prandini era praticamente deserta e hoje concentra a maior parte do
movimento comercial. "Faltou iniciativa e visão nos últimos cinco
mandatos. Onde estiveram prefeitos que não foram prefeitos?", ironizou.
Os críticos apontam que a falta de planejamento estratégico
e de políticas públicas voltadas para a atração de consumidores e investidores
vem sufocando gradualmente o comércio local. "Essa incompetência penaliza
empresários de todos os setores, que sustentam a economia, geram empregos e
pagam impostos. Sem nós, a economia para, o comércio definha e a população
passa fome", reforçou o comerciante.
Para muitos, a raiz do problema não está apenas no projeto
urbanístico, mas na ausência de estímulos concretos à atividade comercial.
Empresários defendem a implementação de campanhas de incentivo ao consumo, a
redução de tributos e, principalmente, a escuta ativa da classe empreendedora
na definição do futuro da cidade. "Feliz é a cidade que reconhece e
valoriza seus comerciantes. É isso que esperamos da nova administração",
resumiu um lojista.
O episódio, que começou como um desabafo nas redes sociais,
acabou se transformando em um retrato da crise silenciosa que atinge o centro
de Itapeva. Enquanto algumas ruas mantêm vitalidade, outras, como a emblemática
Dr. Pinheiro, lutam para não desaparecer do mapa comercial da cidade. Para os
empresários, é hora de virar o jogo — mas isso exigirá mais do que promessas:
será preciso visão, ação e diálogo efetivo entre governo e setor produtivo.

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