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ATUALIZAÇÃO - Jovem cai da arquibancada do camarote em show de Bruno & Marrone na FEAPI 2025 e permanece internada em Itapeva

Acidente na Festa de Itapeva levanta questionamentos sobre segurança em grandes eventos; vítima foi socorrida por bombeiros de folga e segue hospitalizada na Santa Casa

Durante o show da dupla Bruno & Marrone na FEAPI, realizado na noite do dia 19 de setembro, um acidente grave interrompeu a rotina de festa e diversão no recinto da Vila Isabel, tradicional espaço para eventos de grande porte no município. Uma jovem caiu da arquibancada do camarote após a ruptura de uma placa do chão da estrutura. Ela bateu a cabeça ao atingir o solo e ficou desacordada. O episódio, registrado em vídeo por pessoas que acompanhavam a apresentação, repercutiu fortemente nas redes sociais e trouxe à tona questionamentos sobre a segurança das instalações.

As imagens que circularam mostram o momento em que a plateia percebe a queda e se aglomera em torno da vítima. Testemunhas relataram que a jovem chegou a sofrer espasmos, indicando a possibilidade de lesão cervical. O choque tomou conta do público, que acompanhava incrédulo a movimentação no espaço destinado ao atendimento.

Apesar da gravidade do acidente, nem o Corpo de Bombeiros nem o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foram responsáveis pelo socorro inicial. O atendimento emergencial foi prestado por bombeiros que estavam de folga e participavam como frequentadores do evento. Entre eles, o bombeiro Denis Lopes relatou que, ao perceber a gravidade da situação, correu até a vítima e iniciou os primeiros socorros. Ele contou com o apoio de um médico presente no camarote, além do policial Romero e de Diego Zanzarine, de Ribeirão Branco.

A equipe improvisada imobilizou a vítima com colar cervical e prancha longa, procedimento fundamental para evitar o agravamento de possíveis lesões na coluna. Denis Lopes destacou que a ação foi determinante para estabilizar a jovem até a chegada da ambulância particular contratada pela organização da festa, que fez o transporte até a Santa Casa de Itapeva. “Nós prestamos o atendimento ali mesmo, junto com outras pessoas que ajudaram muito. Foi fundamental para dar condições de encaminhar a moça com segurança”, relatou o bombeiro.

Na Santa Casa, a jovem foi internada no setor de convênios, em ala particular. Fontes ligadas à instituição confirmaram que o estado de saúde é estável, embora ela siga em observação por conta da pancada na cabeça e das dores relatadas. A organização da FEAPI, apesar de não ter emitido nota oficial até o fechamento desta reportagem, estaria arcando com os custos da internação e oferecendo apoio à vítima e à família.

De acordo com relatos de pessoas que estavam próximas, o acidente ocorreu no momento em que um rapaz, visivelmente alcoolizado, pulava de forma descontrolada na arquibancada, movimentando a estrutura. Foi nesse instante que a placa do chão do camarote cedeu, provocando a queda de aproximadamente três a quatro metros de altura. A dinâmica reforça o alerta sobre a necessidade de fiscalização preventiva e rigorosa em espaços de grande circulação.

A ausência de pronunciamento público da organização da festa tem gerado críticas de frequentadores e moradores de Itapeva. Nas redes sociais, multiplicaram-se comentários cobrando esclarecimentos sobre as condições da estrutura e sobre os protocolos de segurança previstos para situações de emergência. A falta de informação oficial também abriu espaço para boatos: em grupos de mensagens, chegaram a circular versões de que a vítima teria falecido, o que não se confirmou.

Para além da comoção, o acidente reacendeu o debate sobre a segurança em eventos de grande porte na região. A FEAPI é considerada a maior festa de Itapeva e atrai visitantes de diversas cidades vizinhas, como Itararé, Nova Campina, Taquarivaí e Bom Sucesso de Itararé. A movimentação intensa de público exige não apenas logística eficiente, mas também estruturas sólidas, vistoriadas e laudos técnicos que comprovem a capacidade de suportar grandes concentrações de pessoas.

Especialistas em segurança de eventos ouvidos pela reportagem apontam que falhas como a ruptura de uma placa do chão de camarote indicam fragilidade estrutural que deveria ser identificada e corrigida antes da abertura ao público. Para eles, é preciso investigar se houve negligência no processo de montagem, falhas de fiscalização ou uso de materiais inadequados. “Em uma festa desse porte, qualquer detalhe pode fazer diferença entre uma noite tranquila e um acidente de grandes proporções. O protocolo de segurança deve ser rígido, com inspeções frequentes, principalmente em áreas de camarote e arquibancada”, avaliou um engenheiro de segurança consultado.

A atuação dos bombeiros de folga e de voluntários no socorro inicial foi elogiada pela população, mas também serviu de alerta. Para analistas, a responsabilidade primária pelo atendimento deveria estar com equipes oficiais preparadas e acionadas de imediato. O fato de o SAMU ter sido descartado e o Corpo de Bombeiros sequer ter sido acionado levanta dúvidas sobre o planejamento do atendimento de emergência.

Mesmo após o acidente, a programação da FEAPI 2025 seguiu normalmente, com shows e atrações lotando o recinto da Vila Isabel. Porém, a lembrança da queda permanece presente, e muitos frequentadores relatam que passaram a observar com mais atenção as estruturas de arquibancada e camarotes. “A gente vem para se divertir, mas depois do que aconteceu é impossível não ficar preocupado se algo parecido pode acontecer de novo”, comentou um visitante.

Enquanto isso, familiares da vítima aguardam a evolução do quadro clínico com expectativa de melhora. Pessoas próximas afirmaram que ela tem apresentado sinais de recuperação, embora ainda precise de acompanhamento médico constante. A Santa Casa, procurada pela reportagem, não divulgou boletim oficial sobre o caso.

O episódio ainda deve render desdobramentos. A prefeitura de Itapeva, responsável pela concessão de alvarás e pela fiscalização de eventos, não se pronunciou publicamente até agora. Há expectativa de que, nos próximos dias, tanto os organizadores quanto as autoridades locais apresentem esclarecimentos sobre o acidente e sobre medidas de reforço à segurança.

A queda da jovem no show de Bruno & Marrone, portanto, vai além de um episódio isolado de acidente em uma festa. Ela expõe fragilidades que precisam ser encaradas de frente: desde a estrutura física de grandes eventos até a clareza de protocolos de atendimento emergencial. A tragédia só não foi maior porque pessoas capacitadas estavam no lugar certo, na hora certa, para prestar socorro. Ainda assim, o caso serviu como um alerta doloroso sobre o preço da negligência e sobre a urgência de se repensar a forma como eventos de massa são organizados em Itapeva e em toda a região.

 

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