Pais são surpreendidos com possível fechamento de escolas municipais em Itapeva e protestam nas redes
Surpresa no portão das escolas provoca revolta de
famílias; Secretaria de Educação divulga nota tardia e Câmara promete reunião
para terça-feira
Na tarde desta quinta-feira, 25 de setembro, pais de alunos
da rede municipal de Itapeva viveram um dos momentos mais tensos dos últimos
anos em relação à educação pública da cidade. Ao buscarem seus filhos, muitos
foram surpreendidos pela informação de que algumas escolas municipais serão
fechadas a partir de 2026, medida que acarretaria a transferência de centenas
de estudantes para outras unidades. A reação foi imediata: incredulidade,
indignação e manifestações de repúdio nas redes sociais e protesto em frente a
uma das escolas.
Segundo os relatos, professores e funcionários repassaram
aos pais que, já no próximo ano letivo - 2026, haveria a realocação de turmas.
A justificativa apresentada seria a intenção de “aproveitar melhor as salas” e
“otimizar a distribuição de alunos”. O argumento, no entanto, não convenceu.
Para as famílias, a proposta soa como um retrocesso: em vez de investir na
melhoria da estrutura existente, o município estaria optando por reduzir
unidades, provocando salas superlotadas e dificultando o cotidiano de
estudantes e responsáveis.
A revolta ganhou força ao longo da noite. Grupos de
mensagens e perfis de redes sociais se encheram de críticas à Prefeitura,
acusada de agir às escondidas e de não ouvir a população antes de tomar uma
decisão que impacta diretamente a vida escolar de crianças e adolescentes.
A Secretaria Municipal de Educação, pressionada pela
repercussão, só se manifestou por volta das 23h. Em nota oficial, afirmou que
se trata de um “estudo inicial de rematrícula para 2026” e que a proposta busca
melhor aproveitamento de espaços ociosos, sem deslocar estudantes para regiões
distantes. O comunicado (divulgado tardiamente, em anexo nesta reportagem)
reforça que “a próxima etapa será de diálogo com a comunidade escolar”, mas não
especifica quais escolas seriam afetadas nem apresenta prazos ou garantias
concretas.

O tom burocrático da nota apenas aumentou a desconfiança dos
pais, que a receberam como uma tentativa de conter o desgaste político.
No campo político, o silêncio também chamou atenção. Nenhum
vereador abordou o assunto na sessão da Câmara desta semana, o que ampliou a
sensação de abandono entre os eleitores. Apenas após a onda de críticas é que
se confirmou a realização de uma reunião na próxima terça-feira, na qual a
secretária de Educação deverá prestar esclarecimentos oficiais.
A Prefeitura, por sua vez, enfrenta o desafio de reconstruir a confiança. A forma como conduziu a comunicação — surpresa para os pais, silêncio dos vereadores e nota divulgada quase à meia-noite — acabou se tornando um caso de gestão de crise. A reunião de terça-feira será, portanto, decisiva: ou esclarece de fato as intenções do governo municipal ou abrirá uma ferida política que dificilmente cicatrizará até o próximo ano eleitoral.
Enquanto isso, a pergunta que ecoa em Itapeva é simples e
direta: por que fechar escolas em uma cidade que ainda luta para garantir
ensino de qualidade e acessível a todos? A resposta, até agora, continua em
aberto.
O Jornal No Alvo procurou a secretária de Educação, Geni
Muzel, para esclarecer a situação. No entanto, a gestora não se manifestou
diretamente e apenas encaminhou a mesma nota já divulgada pela pasta, o que
reforçou a percepção de falta de diálogo com a população.

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