Inflação na indústria fica em 1,94% em julho com alta em 20 das 24 atividades
Os preços da indústria subiram 1,94% na passagem de junho
para julho, resultado superior à alta registrada de maio para junho e maior
variação dos últimos três meses - houve variação de 1,29% em junho e de 0,99%
em maio. O acumulado no ano atingiu 21,39%, recorde em toda a série histórica,
iniciada em dezembro de 2014, e, em sete meses, já é maior do que o acumulado
em todo o ano de 2020 (19,38%). O acumulado em 12 meses (35,08%) está entre os
quatro maiores da série, iniciada em dezembro de 2014. Em julho de 2020, a alta
foi de 3,22%. Os dados são do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado
hoje (27) pelo IBGE.
A pesquisa mede a variação dos preços de produtos na “porta
da fábrica”, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e
da transformação. Dessas, 20 tiveram variações positivas em julho. A maior
influência no índice veio de alimentos (0,49 p.p.), refino de petróleo e
produtos de álcool (0,32 p.p.), indústrias extrativas (0,27 p.p.) e metalurgia
(0,27 p.p.).
“Em linhas gerais o indicador de julho é muito influenciado
pelas condições do comércio internacional devido às altas acumuladas e
correntes das commodities minerais, agropecuárias e do petróleo, com impacto
nos preços de venda e na estrutura de custos das atividades de maior influência
no mês. Um inverno mais rigoroso em 2021 e a entressafra de insumos importantes
à fabricação de alimentos também contribuíram para deteriorar as condições de
oferta de matéria-prima, pressionando as margens do produtor industrial desse
setor”, diz o analista do IPP Felipe Câmara.
Os resultados foram homogêneos, sem um grande destaque
setorial. Eles refletem as altas das atividades de metalurgia (3,68%),
indústrias extrativas (3,61%), vestuário (3,45%) e refino de petróleo e
produtos de álcool (3,26%).
Felipe Câmara destaca ainda os efeitos da depreciação
cambial corrente, após dois meses de apreciação, que tudo o mais constante,
provoca um aumento do montante em reais (R$) recebido pela venda de produtos
cotados em moeda estrangeira em toda a indústria. E, destaca como, no caso dos alimentos,
a alta acumulada e corrente das commodities afeta os preços da carne bovina e
do açúcar.
“A carne bovina vem sendo afetada em sua estrutura de custos
pela alta acumulada na cadeia da soja nos últimos meses, efeito que em julho,
em particular é reforçado pela entressafra do abate. Ao mesmo tempo, pelo lado
da demanda, os preços do produto são pressionados por uma procura internacional
aquecida. E, um resultado colateral importante da alta no preço da carne é o
efeito substituição na demanda doméstica por proteína animal, com aumento da
procura e dos preços da carne de frango, que também é destaque de influência no
mês. Uma dinâmica similar afeta os preços do açúcar, que reflete os efeitos da
entressafra da cana ao mesmo tempo que tem os preços internacionais em alta”,
diz Câmara.
Os aumentos correntes do preço internacional do minério de
ferro e do óleo bruto afetam diretamente as indústrias extrativas, além disso,
as altas acumuladas ao longo dos últimos meses pressionam os custos das
atividades de metalurgia e indústria de refino. Esta última repassando o
impacto dos maiores preços do óleo bruto à cadeia dos derivados do petróleo.
“Na metalurgia, temos o minério de ferro pressionando os
produtos de aço, assim como os produtos de alumínio repercutindo os maiores
preços do seu insumo base. O setor convive, ainda, com um movimento de
recomposição de estoques na cadeia de distribuição dos produtos siderúrgicos,
em função da demanda aquecida dos últimos meses que termina por pressionar o
preço industrial deste grupo econômico”, completa o analista do IPP.
Em relação às grandes categorias, a influência sobre o IPP
(1,94%) foi de 2,14% em bens de capital; 1,90% em bens intermediários; e 1,98%
em bens de consumo, sendo que 0,76% foi a variação observada em bens de consumo
duráveis e 2,22% em bens de consumo semiduráveis e não duráveis.
Mais sobre a pesquisa
O IPP tem como principal objetivo mensurar a mudança média
dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços,
bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências
inflacionárias de curto prazo no país. Constitui, assim, um indicador essencial
para o acompanhamento macroeconômico e um valioso instrumento analítico para
tomadores de decisão, públicos ou privados.
A pesquisa investiga, em pouco mais de 2.100 empresas, os
preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes e
definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Coletam-se cerca de 6 mil
preços mensalmente. As tabelas completas com os resultados estão disponíveis
no Sidra.

Deixe um comentário